EDUCAÇÃO

Irregularidades no IES deixam alunos sem diploma

Por Naira Hofmeister / Publicado em 16 de setembro de 2007

Um convênio entre o Instituto de Educação Superior, de Cachoeirinha (IES), e a Faculdade São Francisco de Barreiras (Fasb, da Bahia) para a realização de cursos de pós-graduação está gerando preocupação entre estudantes. O contrato entre as instituições, em vigor desde novembro de 2002, foi rompido em junho do ano passado por solicitação da universidade baiana, que verificou irregularidades na instituição gaúcha. As aulas deveriam ter encerrado em agosto.

Além da falha nos repasses das mensalidades, acordado no início da parceria, a Fasb ainda não recebeu a documentação de estudantes e professores dos cursos, o que pode impedir a certificação dos alunos. “O convênio prevê que o IES é o responsável pela parte operacional dos cursos e pelo envio da documentação pessoal e de registros acadêmicos para que a Fasb faça a certificação”, expõe o Coordenador de Pós-graduação da instituição, professor José Carlos Radin.

Sete cursos estão em fase de conclusão no IES: Educação de Jovens e Adultos, Educação Ambiental, Psicopedagogia Clínica, Supervisão Escolar, Psicopedagogia Institucional e Clínica e Gestão Empresarial – todos em Cachoeirinha – e Saúde da Família, em Vacaria. Os alunos dessa unidade enfrentam problemas semelhantes com o atual convênio, firmado com a Universidade do Contestado (UnC) de Santa Catarina. A UnC é responsável também pelos pós-graduandos em Saúde da Família que freqüentam aulas em Rio Grande e Tramandaí.

O IES oferece nove cursos de Graduação e Técnicos, ambos ministrados através do sistema de Ensino à Distância, e planeja abrir inscrições para o Mestrado através da recém-criada Universidade do Mercosul, cuja primeira sede foi instalada em Foz do Iguaçu. O Uniaselvi (Centro Universitário Leonardo da Vinci), a Unopar (Universidade Norte do Paraná) e até mesmo a Universidade Federal do Paraná (UFPR) possuem convênios com o IES de Cachoeirinha.

CURSOS – Os alunos de cursos supervisionados pela Fasb receberam a garantia dos representantes da mantenedora – por duas vezes eles estiveram na cidade para solucionar o entrave – de que serão titulados assim que os papéis forem entregues.

Mas o apoio não tranqüiliza estudantes, principalmente os matriculados em Psicopedagogia Clínica e Institucional – antes dividido em dois cursos diferentes. “Acredito que não haverá problemas na certificação”, observa Radin. Mas conclama: “ Aqueles que assinaram com o IES devem fiscalizar e exigir a execução dos cursos nos quais se matricularam”.

Foi o que decidiu um grupo de funcionários do município de Cachoeirinha que acionou o advogado Márcio Zambelli para representálos. “O plano de carreira aqui é excelente, uma pós-graduação confere 20% de aumento no salário”, destaca Zambelli. Cerca de 20 municipários integram o corpo discente do IES, que ultrapassa 200 alunos.

CONTRATO – Sem receber nenhum centavo desde o início do ano letivo, uma professora já acionou a Justiça para garantir o pagamento dos quase 10 mil reais a que tem direito. “Há colegas que possuem um contrato, mas o meu acerto foi realizado verbalmente”, denuncia. Ela não está sozinha: a quase totalidade dos colegas sofre abusos como a redução de R$ 50,00 para R$ 35,00 a horaaula.

Depois de inúmeras tentativas de acordo com o Instituto de Educação Superior, os professores deixaram de entregar as notas de avaliação dos alunos como forma de exercer pressão. A reação da diretoria do IES foi substituir o grupo por um novo corpo de professores.

Atualmente, os alunos desenvolvem a última etapa do curso – que deveria estar encerrado em agosto, mas foi estendido por mais um semestre. Mas a alta rotatividade de professores prejudica a produção da monografia. “Os representantes da mantenedora estão recebendo trabalhos de conclusão com 13 e 18 páginas, uma vergonha, como eles próprios classificam”, ataca novamente. O professor Radin confirma que a Fasb não pode modificar as notas emitidas pelos professores gaúchos. “É delicado, pois você percebe que alunos que tiraram sete, mereceriam no máximo três”. Como os diários de aula são os únicos documentos analisados na certificação, a única possibilidade é diplomar os alunos.

A reportagem do Extra Classe entrou em contato com a direção do IES, porém, até o fechamento desta edição, os representantes não haviam se manifestado.

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