Foto: Igor Sperotto
Contratada pelo Sinpro/RS, a pesquisa foi realizada pela Meta Instituto de Pesquisa de Opinião, no final do ano passado, com a coordenação de Flavio Eduardo Silveira, doutor em Sociologia. Foram realizadas 30 entrevistas em profundidade em 11 cidades, na fase qualitativa; e aplicados 900 questionários para professores associados e não associados, de todos os níveis de ensino, em 30 cidades, na fase quantitativa. O tamanho da amostra foi estimado considerando um intervalo de confiança de 95% e a margem de erro amostral de 3,2%.
Essa é a quarta pesquisa realizada pelo Sindicato para traçar o perfil, identificar as demandas e buscar compreender os hábitos associativos e políticos dos professores do ensino privado no estado. A primeira foi realizada em 1993, a segunda em 1999 e a terceira em 2005. “Nossa categoria é bastante heterogênea e as pesquisas, neste sentido, são importantes subsídios para a definição de políticas e ações do Sindicato”, destaca Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS, um dos coordenadores da pesquisa.
Para o dirigente, as principais conclusões da sondagem confirmam a política desenvolvida pelo Sindicato, mas ele destaca a preocupação da direção com a contradição entre a expectativa dos professores quanto à condição do Sinpro/RS de guardiã dos direitos dos professores e a passividade expressa no baixo índice de denúncia ao Sindicato sobre as irregularidades trabalhistas nas instituições em que trabalham. “A pesquisa continua em pauta na direção com vistas à definição de novas políticas de gestão”, afirma Fuhr. Pode ser acessada em www.sinprors.org.br.
Confira os principais pontos
PERFIL GERAL – Dentre os entrevistados, 42% lecionam na Educação Superior e 60,2% nos níveis Fundamental e Médio. Cerca de dois terços dos professores (66,5%) são do sexo feminino, média que vem se mantendo nos últimos 12 anos se comparada às duas últimas pesquisas contratadas pelo Sinpro/RS (1999 e 2005). Quanto à idade, 64,3% têm entre 26 a 45 anos; 29% têm mais de 45 anos; e 6,7% estão na faixa etária dos 18 e 25.
VIDA PROFISSIONAL – A média de tempo no magistério é de 13,5 anos e a média da carga horária de trabalho é de 27 horas semanais. Acrescenta-se, porém, a esta carga horária, uma grande demanda de trabalho extraclasse, que pode ocupar, em alguns casos, mais de 30 horas semanais. Além disso, cerca de 20% dos professores entrevistados realizam outras atividades a fim de aumentar a renda, sendo a principal delas, a de ministrar aulas particulares. A grande maioria dos entrevistados (85,6%) atua em um estabelecimento de ensino privado e 15,9% atuam também em instituições de ensino públicas.
RENDA – Na média geral, a renda familiar mensal concentra-se, sobretudo, nas faixas de 7 a 11 salários mínimos (R$ 3.815,00 a R$ 5.995,00), que compreende 29,4% das famílias dos entrevistados; e a renda pessoal concentra-se em maior proporção na faixa de 4 a 7 salários mínimos (R$ 2.180,00 a R$ 3.815,00), faixa de renda em que se encontram 39,8% dos entrevistados.
Há uma diferença significativa no salário dos professores de acordo com o nível de ensino em que atuam. Daqueles que lecionam na Educação Infantil, 50,9% recebem no máximo até quatro salários mínimos. Entre os que lecionam no Ensino Fundamental ou Médio, a faixa de renda mais apontada é de 4 a 7 mínimos (49% dos professores do Ensino Fundamental e 53,4% dos professores do Ensino Médio). A renda individual mais elevada é observada entre professores da Educação Superior: 35% recebem entre 7 a 11 salários mínimos e 30,4% recebem mais de 11 salários mínimos.
PREOCUPAÇÕES – No que se refere às preocupações que afetam os professores no dia- -a-dia é expressiva a referência, em todos os níveis de ensino, de questões ligadas ao ambiente de trabalho, sejam elas as pressões por parte da instituição onde trabalham ou a multiplicidade de tarefas que precisam ser realizadas.
HÁBITOS CULTURAIS – A maioria dos entrevistados lê jornais (72,8%) e revistas (50,3%) regularmente e maior parte vai ao cinema eventualmente (56,9%). Mais da metade dos professores lê até seis livros por ano (56,1%). A quase totalidade dos professores entrevistados viaja, seja regularmente (24,6%) ou eventualmente (67,2%).
PLANO DE SAÚDE – A grande maioria dos professores entrevistados (85,5%) conta com plano de saúde – sendo que 36,1% são planos particulares e 18,6% são conveniados com as instituições em que trabalham.
POSIÇÃO POLÍTICA – Parte expressiva dos entrevistados afirmou não gostar de política (29%). Pouco mais de um quarto dos entrevistados se situou politicamente à esquerda (25,9%) e um pouco mais de um quinto ao centro (20,5%). A relação entre faixas etárias e posicionamento político revela que 50% dos professores mais jovens, que têm entre 18 e 25 anos, não gosta de política. Essa proporção diminui conforme aumenta a idade dos professores. Com o aumento da idade dos entrevistados, aumenta também a proporção que se declara de esquerda: enquanto entre os jovens de 18 a 25 anos, 20% se consideram de esquerda, entre aqueles com mais de 55 anos, 35,8% se declaram de esquerda. Essa tendência se verifica, porém em menor proporção, entre aqueles que se dizem de direita e de centro.
IRREGULARIDADES – Mais da metade dos entrevistados nunca informou ao Sinpro/RS eventuais problemas ocorridos em suas relações contratuais com as escolas onde lecionam.
SINPRO/RS – Para 46% dos entrevistados, a prioridade da ação do Sinpro/RS deve ser o acompanhamento das escolas no cumprimento dos direitos dos professores. Essa necessidade é destacada pelos professores da Região Metropolitana, enquanto os do interior, comparativamente, enfatizam mais as negociações salariais.
A maioria dos associados afirma ter optado pela sindicalização por considerar importante essa condição para organização e encaminhamento das lutas e demandas dos professores (63,9%). A relação entre motivação para ser associado e a região onde leciona demonstra que os professores que lecionam no interior tendem, em maior proporção, a se associar devido ao papel do Sindicato e à luta pelas demandas da categoria (74,8%). Dos professores que lecionam na Educação Superior e no Ensino Médio, cerca de 70% associaram-se ao Sinpro/RS em virtude das lutas pela categoria.