EDUCAÇÃO

Ensino privado tem alta rotatividade

Publicado em 1 de março de 2014

Quase 600 rescisões de contrato de trabalho de professores foram homologadas entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014 no Sinpro/RS

Foto: Carlos Carvalho/Sinpro/RS

Foto: Carlos Carvalho/Sinpro/RS

Contratos de trabalho, em média, de três anos e comprometimento do tempo de descanso com atividades extraclasse marcaram as quase 600 rescisões de contrato de trabalho de professores do ensino privado, homologadas entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014 no Sinpro/RS. As informações foram registradas no levantamento feito pelo Sindicato, por meio de formulário aplicado no momento da rescisão. O resultado apontou que 61% dos professores tiveram contrato de trabalho de, no máximo, três anos e 52% afirmaram que o trabalho extraclasse afeta sua vida fora da escola.

Tradicionalmente, o recesso escolar de final de ano é um período com muitos desligamentos nas instituições de ensino privado. Este ano, aplicamos o levantamento para entender melhor como e por que ocorrem essas demissões”, explica Cecília Farias, diretora do Sinpro/RS. A pesquisa apontou que 66% das dispensas são por iniciativa do empregador. No caso do trabalho extraclasse, além de invadir a vida pessoal do professor, sem a devida remuneração, 58% dos docentes não guardam registros ou evidências desse trabalho. Cecília alerta os professores para o Ponto Extraclasse, planilha eletrônica disponibilizada no site do Sindicato para registro das atividades. “É uma forma simples e prática e que pode ser muito útil em futuras discussões judiciais”, afirma.

Outros pontos que marcaram a trajetória dos docentes nas instituições foram o assédio moral por parte de superiores hierárquicos e a redução de carga horária e salário.

Atendimento psicológico
Tradicionalmente, o Sinpro/RS oferece atendimento psicológico aos professores no ato das rescisões, momento, segundo a direção do Sindicato, dedicado à reflexão e ao acolhimento. Dos mais de cem docentes ouvidos, alguns discursos são recorrentes como a desautorização do professor, a mercantilização da educação, com o aluno cada vez mais sendo tratado como cliente, ausência de sinalização da demissão, Síndrome de burnout, entre outros. Destaca-se, ainda, um questionamento latente nas falas dos professores demitidos “Qual é o lugar do professor hoje?”. Para Cecília, isso demonstra o quanto é inexistente e frágil o investimento que as instituições fazem até mesmo em temas de seu interesse, como o papel do professor na comunidade escolar.

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