Manifestações públicas por aumento salarial
Uma grande caminhada marcada para o dia 5 de abril (sábado), às 11h, em Porto Alegre e plenárias de professores e funcionários em várias cidades estão na agenda de continuidade da mobilização dos trabalhadores do ensino privado do Rio Grande do Sul e do Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro/RS) em todo o estado. As manifestações buscam vencer a resistência patronal em aumentar os salários, limitar o número de alunos e regulamentar o trabalho extraclasse.
Foto: Igor Sperotto
As negociações com o Sinepe/RS começaram no dia 18 de março. Na última reunião antes do fechamento desta edição do jornal Extra Classe, na Câmara da Educação Superior, os dirigentes patronais invocaram a necessidade de reciprocidade no processo negocial. “Só será possível acrescentar cláusulas na Convenção se houver troca”, disse o presidente do Sinepe/RS, Bruno Eizerik. “Repor a inflação é o máximo que podemos chegar para não comprometermos a saúde financeira das instituições”. A direção do Sinpro/RS argumentou a dificuldade de entrar nesta lógica, ainda mais considerando a avaliação do quadro positivo que o setor se encontra.
“Nas atuais condições, a expectativa é de qualificar as condições de trabalho e melhorar os salários”, explicou Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS. “Aumentaram as anuidades em média 50% acima da inflação, o bom momento da economia gaúcha se expressa no crescimento do PIB duas vezes maior do que o restante do Brasil e as políticas públicas, como o Prouni e o Fies, vêm contribuindo para dar estabilidade no ensino superior privado”. A proposta patronal de um reajuste de 6% na Câmara da Educação Básica também não foi aceita pelo Sinpro/RS. O diretor Cássio Bessa argumentou que a proposta é insuficiente diante do reajuste das mensalidades, que chega a 70% acima da inflação. Também estão na mesa de negociação na educação básica a equiparação salarial no ensino
fundamental e a limitação no número de alunos por turma, entre outras.
Foto: Valéria Ochôa/Ascom Sinpro/RS
Pais e estudantes apoiam reivindicações
Representantes de diretórios acadêmicos e diretórios centrais de estudantes da Unisinos, PUCRS, Ulbra, UniRitter, Feevale, UCPel, Unifra e da União Estadual de Estudantes (UEE) declararam apoio à campanha salarial dos professores e funcionários, em reunião com os dirigentes do Sinpro/RS, em Porto Alegre, Santa Maria e Pelotas. O encontro foi promovido pelo Sindicato para apresentar as reivindicações dos professores e o histórico de reajuste das mensalidades. Alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Monteiro Lobato Boa Vista, de Porto Alegre, também apoiaram a campanha salarial dos professores em atividade desenvolvida na escola.
Em reunião com o Sinpro/RS, pais de estudantes da educação básica manifestaram apoio à luta dos professores e funcionários, em reuniões com dirigentes do Sinpro/RS. “Muitos pais desconhecem a legislação que rege as anuidades escolares (Lei 9.870/99 e Código do Consumidor)”, expõe Marcos Fuhr, diretor do Sindicato. “Também desconhecem as planilhas de custos das instituições de ensino, cuja lei obriga a sua exposição a pais e estudantes”. Ao final dos encontros, os pais apoiaram a reivindicação de reajuste salarial dos professores e a limitação de alunos por turma; e sugeriram a criação de um grupo para o debate de informações sobre o funcionamento do ensino privado.
Denúncia pública
A resistência da educação superior patronal em reajustar salários foi denunciada emApedidoveiculado no jornal Correio do Povono dia 31 de março com o título Educação superior privada por trás das aparências. Publicado pelos sindicatos de professores e funcionários, o texto destaca o bom momento do setor, com reajuste das anuidades acima da inflação, e o benefício das políticas públicas (Prouni e Fies). Os sindicatos de professores já haviam publicado, no dia 24 de março, Apedidono jornal Zero Hora, chamando a atenção para o reajuste das mensalidades, alegado pelo reajuste dos salários, o que não acontece na prática na mesma proporção; as salas de aulas superlotadas; e a sobrecarga de trabalho; entre outros problemas que acabam afetando a qualidade do ensino.