Foto: Igor Sperotto
Trabalhos em três áreas por vezes não lembradas pelas políticas públicas de educação: indígenas, jovens privados de liberdade e filhos de agricultores foram premiados na edição de 18 anos do Prêmio Educação RS, realizado no dia 16 de outubro, na sala de eventos do Sindicato, em Porto Alegre. Receberam o troféu Pena Libertária o professor Rodrigo Allegretti Venzon, de Porto Alegre; a Escola Família Agrícola (Efasc), de Santa Cruz do Sul; e o projeto Quebrando as Grades da Ilusão, de Charqueadas.
A cerimônia da premiação foi marcada por grande em emoção e contou com a presença de professores, autoridades e imprensa. “É com muita alegria que destacamos a maioridade do Prêmio Educação com três trabalhos de extremo valor para educação do estado, que resistem e insistem em fazer educação de qualidade, inserida no contexto social de seus educandos, propondo e trazendo novos horizontes. É reconhecendo iniciativas como estas que buscamos fazer a nossa parte como sindicato”, afirmou Margot Andras, diretora do Sinpro/RS.
Entre os depoimentos que marcaram a noite esteve o de Sofia Daiane Schroeder, 16 anos, estudante da Efasc, que destacou sua transformação a partir da escola. “Eu não via possibilidades de permanecer na propriedade dos meus pais, mas depois que ingressei na escola, aprendi a valorizar o trabalho do agricultor, que produz 70% do alimento que esse país consome, e hoje me vejo continuando o que meus pais fazem e desenvolvendo ideias para melhorar a minha propriedade”, relatou.
Escolhidos pelos votos da Comissão julgadora e dos professores associados ao Sinpro/RS, os vencedores foram avaliados por critérios como o compromisso com a educação de qualidade, o desenvolvimento da cidadania e o acesso ao conhecimento. O Prêmio Educação recebeu neste ano um total de 56 indicações.
MENÇÃO HONROSA
Colégio Coração de Maria valoriza professores
Nesta edição do Prêmio Educação o Sinpro/RS concedeu também uma menção honrosa ao Colégio Coração de Maria, de Santa Maria, pela iniciativa da equiparação salarial dos professores do ensino fundamental. Com a inciativa, o colégio antecipou-se ao processo de aproximação dos valores hora-aula deste nível de ensino e valorizou os docentes que possuem mesma dedicação e formação. “Não podíamos deixar de reconhecer essa iniciativa pelo que ela representa dentro da luta do Sindicato, que considera que se o professor tem a mesma formação e responsabilidades, deve ter o mesmo salário”, afirma Cecília Farias, diretora do Sinpro/RS.
Conheça os laureados
Foto: Igor Sperotto Foto: Igor Sperotto
“Meu trabalho visa trazer para a institucionalidade os interesses, as vontades e os direitos dos indígenas. É muito importante num momento em que vemos tantas manifestações de racismo e xenofobia receber um prêmio como este”, destacou o professor Rodrigo Allegretti Venzon. “É uma honra não individualmente, mas no sentido do reconhecimento dos povos indígenas através de um trabalho de mais de três décadas”. Venzon atua desde 1982 no apoio às Escolas Estaduais Indígenas. Atua na Secretária de Educação do Estado.
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“Se trabalhar fora das prisões com educação nos dias de hoje está difícil, potencialize isso para dentro das prisões, mas a gente vem fazendo e acreditando no nosso trabalho”, assinalou Clarice Vivian, diretora do Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos Julieta Villamil Balestro (Neeja). O projeto visa provocar a reflexão dos jovens, privados de liberdade, sobre como seria sua vida, caso não tivessem entrado para o crime; bem como junto aos jovens e adolescentes da rede de ensino regular, uma reflexão do tema recorrente nas redes sociais de que o crime compensa.
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“Eu tive um filho que graças a Efasc permaneceu em casa e hoje me ajuda na propriedade. Esse prêmio vem enriquecer o trabalho que a gente está fazendo, que é árduo, e ter um reconhecimento em nível de estado é muito importante”, expôs Elton Roberto Hein, agricultor e coordenador da Associação Gaúcha pró Escolas Famílias Agrícolas do Rio Grande do Sul. A escola, inaugurada em 2009, é fruto de um intenso trabalho de mobilização popular e de diversas articulações institucionais na região do Vale do Rio Pardo.