Professores do ensino médio remanejados para evitar demissões
A implantação do 9º ano em 2016 trouxe grande repercussão no ensino privado gaúcho, pois uma das consequências é que muitas escolas não ofertarão o 1º ano do ensino médio, visto que alunos do 8º ano irão para o 9º, o que gera preocupação com a manutenção dos empregos de seus professores. “Com isso, muitos professores do 1º ano do ensino médio ficaram sem turma”, expõe a diretora do Sinpro/RS, Cecília Farias. Conforme ela, a novidade não acarreta tantas preocupações no ensino público, que sofre com falta de pessoal, e, portanto, se torna mais fácil remanejar. Porém, causa temor na rede privada.
“Por isso, no ano passado, especialmente a partir do segundo semestre, o Sindicato passou a promover reuniões com professores atingidos, bem como com a direção do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado (Sinepe/RS) e direções de escolas”, conta. Como resultado das negociações foi assinado um Termo de Compromisso visando ao aproveitamento dos professores do ensino médio nesta nova etapa do ensino fundamental e/ou em atividades e projetos nas escolas para reduzir os impactos da implantação do 9º ano.
AJUSTES – “Nosso objetivo é manter os empregos, evitar demissões, especialmente em instituições que possuem muitas turmas”, explica Cecília. Para atender ao Termo de Compromisso, muitas escolas da rede privada estão tendo de remanejar docentes e cortar carga horária de trabalho para manter seus profissionais em sala de aula. “Mesmo com o valor da hora/aula menor, é defensável que o quadro de professores do 1º ano seja absorvido no ensino fundamental”, avalia Cecília.
Fotos: Igor Sperotto
Fotos: Igor Sperotto
Para minimizar o impacto (diminuição substancial de alunos) no 1º ano do ensino médio em 2016, o Colégio Anchieta, outra instituição tradicional de ensino privado de Porto Alegre, tentou implantar, já em 2013, o 7º ano do ensino fundamental de 9 anos. Com a implantação do 8º ano e, consequentemente, do 9º ano em 2015, com apenas uma turma, respectivamente de 23 e 34 alunos em cada ano letivo, confirmou-se a previsão da diminuição de alunos e turmas, além dos problemas decorrentes para o quadro de professores. Processo que irá repetir-se no 2º ano do ensino médio, em 2017, e no 3º ano em 2018.
ENSINO MÉDIO – Para o 1º ano do ensino médio, em 2016, considerando a importante redução de matrículas, a expectativa do Colégio Anchieta era de apenas uma turma, no entanto, através de mídia específica e com renúncia de alguns critérios de ingresso adotados pela instituição, foi possível efetivar mais algumas matrículas, o que possibilitou duas turmas, ambas com 25 alunos. Os professores, como a equipe de serviços, foram reaproveitados no 9º ano do ensino fundamental e na 2ª e 3ª séries do ensino médio. “Demissões, se ocorreram, não foram devido ao remanejo e à redução de turmas, assegura o diretor-geral do Colégio, padre João Claudio Rhoden.
No interior do estado, os reflexos são os mesmos. Na Regional Sinpro/RS de Santa Cruz do Sul, por exemplo, das 20 escolas de ensino privado com ensino médio, quatro delas não terão 1º ano. O Colégio Bom Jesus, de Venâncio Aires, teve apenas oito alunos inscritos e não abriu turma. Os colégios Totem e Roque, de Cachoeira do Sul, bem como o São Luiz, de Santa Cruz do Sul, não terão o 1º ano. “A rede Marista nem abriu inscrições”, diz o professor Flávio Miguel Henn, diretor do Sinpro/RS. Ele aponta que não houve demissões em razão disto, pois os estabelecimentos optaram pelo remanejo de profissionais, tanto para o 9º ano do ensino fundamental quanto para outras atividades pedagógicas, como projetos e aulas de reforço. Em função disto, alguns docentes tiveram redução da carga horária de trabalho.
TERMO – O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado (Sinepe/RS) informa que está orientando que as instituições de ensino deem prioridade para os professores que teriam turmas no 1º ano do ensino médio – e que não vão ocorrer – a fim de que eles assumam as turmas do 9º ano do ensino fundamental, conforme Termo de Compromisso assinado com o Sinpro/RS. A entidade não tem um levantamento do número de escolas que não terão alunos no início do ensino médio, mas considera possível que muitas vivam esta realidade em 2016.