Fórum debate futuro das comunitárias na conjuntura nacional
Foto: Igor Sperotto
As instituições que não resolveram seus problemas estruturais nesse período de Fies e Proies terão sérias dificuldades. O alerta é do professor Martinho Luis Kelm, reitor da Unijuí e ex-presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), na 9ª Reunião Plenária do Fórum pela Gestão Democrática das Ices, realizada em Porto Alegre, dia 22 de outubro. O encontro reuniu professores, funcionários técnicos e administrativos, estudantes e representantes de instituições comunitárias de educação superior (Ices).
O reitor Kelm traçou um panorama das transformações que vêm ocorrendo com a redução de programas de financiamento da educação, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (Proies), a ampliação de ofertas próprias de financiamento estudantil, a relação das comunitárias com a sociedade, o aumento da competitividade e a gestão das instituições comunitárias. Kelm falou com preocupação também sobre a previsão de redução da oferta de cursos pelas comunitárias, tanto de graduação como de pós-graduação, e o fracasso do Plano Nacional de Educação (PNE) diante das novas políticas. “Com o avanço de grupos mercantilistas na educação, a lógica das comunitárias é incompatível com o paradigma competitivo. A saída é a blindagem social, pois somos nós que fazemos a diferença nas comunidades em que atuamos”, considerou.
O professor Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS, que coordenou os trabalhos do Fórum, destacou a profunda preocupação em relação à compra da Estácio pela Kroton Educacional, anunciada em setembro e que está em avaliação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “É muito importante as instituições comunitárias considerarem os segmentos internos – professores, técnicos e estudantes – na gestão das suas políticas”, alertou.
MENSALIDADES – O reajuste das mensalidades e salários foi outro tema debatido da 9ª Reunião Plenária do Fórum pela Gestão Democrática das Ices. As projeções apresentadas pelo diretor técnico do Dieese, Ricardo Franzoi, mostraram a evolução das mensalidades do ensino básico e superior em comparação à inflação. “Essa evolução tem sido largamente vantajosa para as mensalidades, que ficaram sempre acima da inflação”, destacou. De 1996 a 2015, o reajuste das mensalidades na educação básica ficou 41,7% acima dos salários e, na educação superior, 30,8%.
Os estudantes estiveram representados por diversos diretórios acadêmicos (DA) e diretórios centrais de estudantes (DCE) de instituições comunitárias, que se manifestaram demonstrando interesse em fortalecer a organização dos estudantes e colaborar com a gestão democrática das instituições.