Aulas presenciais devem reiniciar somente em setembro no RS
Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini
O reinício das atividades letivas nos sistemas público e privado de ensino do Rio Grande do Sul ocorrerá de forma gradual e na modalidade remota a partir de 1º de junho para manter o distanciamento físico entre professores, alunos e trabalhadores da educação em virtude da pandemia de Covid-19. O retorno integral das aulas presenciais em todos os níveis de ensino nas escolas e universidades gaúchas é projetado somente para o mês de setembro.
A decisão foi anunciada em telecoletiva de imprensa pelo governador Eduardo Leite (PSDB), com a participação dos secretários de Educação, Faisal Karam, e de Planejamento, Leany Lemos, na tarde desta quarta-feira, 27.
As aulas presenciais no ensino público e privado no estado estão suspensas desde 13 de março e a projeção era de retorno gradual em junho, após a antecipação do recesso letivo para que as instituições permanecessem fechadas em maio. Parte das instituições do ensino privado mantém atividades em EaD validadas pelo Conselho Estadual de Educação (CEEd/RS) para o cumprimento do ano letivo.
A regulamentação sobre o reinício das aulas de forma não presencial em junho será publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) até a próxima sexta-feira, 29. O modelo para a retomada das atividades letivas remotas será por etapas.Foram definidas fases divididas por períodos de 15 dias para a análise do sucesso da fase anterior. “Por ora, prioridade é fortalecer as aulas remotas e a aprendizagem em casa”, explicou o governador ao apresentar a Fase 1 do modelo.
As atividades serão aplicadas por meio da plataforma Google for Education. De acordo com o secretário de Educação, serão criadas cerca de 37 mil salas de aula virtuais, inclusive salas dos professores e para recreio virtual.
A segunda fase do planejamento, ainda em elaboração pelo governo, deverá ser divulgada no dia 15 de junho e contará com um protocolo de saúde para vigorar quando do retorno de atividades presenciais específicas a partir de 1º de julho. Na Fase 2 iniciam as atividades práticas do ensino superior, como o trabalho de laboratórios, calendário acadêmico de pesquisas e estágios superiores.
Ainda sem definição, a Fase 3 projeta o retorno prioritário das aulas presenciais nas escolas de educação infantil e ainda a possibilidade de restabelecer o ensino infantil presencial junto ao ensino fundamental. A secretária estadual de Planejamento, Leany Lemos, explicou que o planejamento do retorno das crianças às escolas leva em conta a complexidade dessa modalidade de ensino e a realidade das famílias.Segundo ela, 80% dos inscritos no Cadastro Único do RS são mães solteiras. “Sempre olhando a curva da pandemia, sempre nos guiando por ela. Mas também olhando para toda essa complexidade”, disse. Os cenários projetados pela equipe de governo de acordo com a análise do controle da pandemia não descartam o retorno do ensino médio. Enquanto isso, ressaltou Leite, a orientação é para que “as crianças permaneçam em casa”, mesmo com o reinício das atividades da educação infantil. Conforme o planejamento do governo, as aulas presenciais em todos os níveis de ensino deverá ser autorizada somente no mês de setembro.
Pesquisa aponta estabilidade de infectados por coronavírus
Imagem: Reprodução
A pesquisa de prevalência da Covid-19 na população gaúcha, divulgada nesta quarta-feira, revela que o estado vem alcançando resultados positivos no enfrentamento da pandemia. A quarta etapa do levantamento aponta para uma estabilidade no número de pessoas que já foram infectadas pelo novo coronavírus.
“Observamos que a estabilidade apurada pela pesquisa também está nas internações hospitalares. No dia 9 de maio, tínhamos 220 pacientes internados suspeitos ou confirmados para Covid. Ontem, 26 de maio, eram 225. Ou seja, do início do mês pra cá, temos praticamente o mesmo número de pacientes internados. O que confirma o resultado da pesquisa: uma efetiva estabilidade no quadro de contágio no RS”, destacou Leite.
Pelos testes aplicados nesta fase, a estimativa é que seriam 20.226 pessoas já com os anticorpos, o que representa 0,18% da população. Na rodada anterior, as projeções eram de 24.860 pessoas infectadas pelo vírus (0,22% da população). De acordo com o reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador da pesquisa, Pedro Hallal, a diferença é estatisticamente baixa, indicando estabilidade no contágio do vírus, e está dentro da margem de erro. Isso indica que o RS pode ter de 8.736 a 39.819 pessoas com anticorpos.
“Não existe a possibilidade de diminuir o percentual de pessoas com anticorpos, o que acontece é que, como estamos lidando com números pequenos, a margem de erro da pesquisa explica essa diferença. Se fosse um problema com a metodologia ou com os testes, não teríamos encontrado os resultados que encontramos no Acre, em São Paulo e em outros lugares do país para onde estamos levando a pesquisa. O que acontece no RS é que a prevalência é tão baixa que pode haver essa variação dentro da margem de erro”, explicou Hallal.
Nesta etapa, concluída na segunda-feira, 25, novamente foram aplicados 4,5 mil testes rápidos nas nove cidades escolhidas pelo estudo. Foram oito pessoas que testaram positivo, das quais quatro em Passo Fundo. O município repete os quatro positivados da etapa anterior e vem apresentando números de casos e mortes elevados nas estatísticas oficiais.Uruguaiana registrou dois casos positivos e os demais foram em Porto Alegre (1) e Pelotas (1). Nas outras cidades – Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Canoas e Ijuí –, não houve registro de casos positivos. Os nove municípios representam 31% da população do RS. Na terceira etapa, realizada há 15 dias, o estudo identificou 10 testes com resultado positivo.
Os novos dados do estudo de Epidemiologia da Covid-19 no RS (Epicovid19) estimam que haja um infectado a cada 562 gaúchos – na testagem anterior, havia um caso positivo a cada 454 pessoas; na segunda, um a cada 769 e na rodada inicial, um a cada 2 mil.
Devido à projeção de que o estado apresenta três vezes mais casos de coronavírus do que o total de notificados, a quarta fase da pesquisa também aponta que seriam 1.778 infectados reais para cada grupo de 1 milhão de habitantes.
“Os dados desta quarta fase indicam que não há um avanço descontrolado da pandemia no RS. Ao contrário, confirmam os resultados das fases anteriores, de que a proporção da população gaúcha já exposta ao vírus é baixo.Mas é importante que a população entenda que esse é um resultado positivo e que indica que estamos tomando decisões corretas no RS, mas não devemos pensar que a epidemia terminou aqui. Precisamos seguir tomando todas as medidas de prevenção”, afirmou Hallal.
Serão realizadas quatro novas rodadas de testagem – de 13 a 15 junho, de 4 a 6 de julho, de 25 a 27 de julho e de 15 a 17 de agosto. Com previsão de 4,5 mil testes em cada fase, a pesquisa deve atingir um total de 36 mil pessoas nas nove regiões do estado.
DISTANCIAMENTO – Na comparação com os resultados de duas semanas atrás, o número de pessoas que respeitam as orientações de distanciamento social registrou pequena oscilação. O percentual da população que relatou sair de casa diariamente agora está em 31,5% dos pesquisados. Na terceira fase era de 30,4%, o que indica uma influência mínima por conta da retomada das atividades prevista pelo modelo de Distanciamento Controlado. A nova política está em vigor desde o dia 11 de maio.