Entidades da educação protestam no Palácio Piratini
Foto: Igor Sperotto
A partir das 10 horas da manhã desta quarta-feira, 19 de agosto, dezenas de representantes de entidades ligadas à educação promoveram ato público diante do Palácio Piratini, em Porto Alegre. Participaram: Sinpro/RS, Adufgrs, Simpa, Cpers-Sindicato, CUT/RS, Pais e Mães Pela Democracia entre outras entidades.
O protesto ocorreu em contrariedade à proposta de retorno às aulas. O calendário de retorno apresentado a prefeitos na semana passada pelo governador Eduardo Leite (PSDB), prevê aulas presenciais iniciando já no dia 31 de agosto para educação infantil e com adesão progressiva nos demais níveis.
Reação do governo
O Extra Classe fez contato com o Palácio Piratini para saber qual a posição do Governo e do governador – que viajou para Brasília – diante dos protestos contra o calendário sugerido por ele. “A posição é clara. O Governo não definiu que as aulas voltam no dia 31 de agosto. O governador Eduardo Leite fez uma reunião com a Famurs para debater o assunto e fez uma sugestão. A Famurs reuniu os prefeitos para avaliar e apresentou sua posição. E, a partir disso vão seguir dialogando sobre possibilidades. Por enquanto, não há nada definido sobre datas ou obrigatoriedade de retorno às aulas”, respondeu a Secretaria de Comunicação do RS.
Ensino privado
Conforme Cássio Bessa, diretor do Sinpro/RS, o ato cumpriu seu objetivo. “Foi um ato simbólico, com a participação das entidades da educação. Compareceram poucas pessoas, mas com muita representatividade. Isso foi o combinado, justamente para evitar aglomeração. Nós demos o recado ao governador de que não queremos volta às aulas neste momento. Marcamos posição com nossas faixas e cartazes para dizer ao Governo que não queremos a volta às aulas durante pico da pandemia no estado”.
De acordo com o sindicalista “os hospitais estão lotados, as UTIs estão cheias, muita gente está morrendo e outros contraindo a covid-19. Portanto, este não é o cenário apropriado para uma volta segura às aulas presenciais. Queremos o retorno das aulas presenciais em condições seguras para estudantes e professores”, conclui.
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Foto: Igor Sperotto
Pais e Mães
Pais e mães estiveram presentes ao ato e exibiram um vídeo em um telão afixado na carroceira de um caminhão. No vídeo, vários pais, mães e crianças mandaram um recado ao governador sintetizado no slogan: “Escolas fechadas, vidas preservadas”. Assista:
“Estivemos no ato e representamos a esmagadora maioria dos pais gaúchos que não querem voltas as aulas no meio da pandemia e sem vacina. Nossos filhos não voltam e todas as crianças devem voltar juntas! E juntos lutaremos pelas ações para as aulas emergências, que estão gerando apagão educacional para que o estrago não seja maior”, disse Aline Kerber, presidente da Associação Mães e Pais pela Democracia.
Foto: Divulgação/Pais e Mães Pela Democracia
Tema será alvo de debate no final da tarde
Mais tarde, às 19 horas, sob o mote de “Volta às aulas, vidas em risco”, a CUT-RS promove uma videoconferência (live) sobre a proposta de calendário escalonado de retorno às aulas presenciais do governador Eduardo Leite a partir do próximo dia 31 de agosto.
Participarão a presidente do Cpers Sindicato, Helenir Schürer, o diretor do Sinpro-RS, Cássio Bessa, o presidente da Adufrgs Sindical, Lúcio Vieira, e a presidente da Associação de Mães e Pais pela Democracia, Aline Kerber.
A mediação será feita secretária de Movimentos Sociais da CUT-RS e presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul, Silvana Piroli.
Haverá transmissão aberta nas páginas da CUT-RS e CUT Brasil no Facebook, com publicação cruzada em várias entidades.
Segundo pesquisa da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) respondida por 367 dos 497 prefeitos e revelada nesta segunda-feira (17), 93,75% rejeitam o calendário de volta às aulas do governo Leite. O maior problema apontado é o risco para alunos e professores. O transporte também foi indicado como grande empecilho.
Os números da Famurs vão ao encontro da análise preliminar da consulta online “Educação e Pandemia no RS”, realizada pelo Cpers Sindicato” e divulgada na última quinta-feira (13). Entre os 1,7 mil participantes, 86% responderam “não” à pergunta “Você acha possível retomar as aulas antes do advento e disponibilização de uma vacina eficaz contra a Covid-19?”. Apenas 6% responderam que é possível; os demais afirmaram não saber.
Outra pequisa, produzida pelo Comitê Popular Estadual de Acompanhamento da Crise Educacional no RS e pela Associação Mães & Pais Pela Democracia, em conjunto com o Sinpro/RS, Cpers-Sindicato, Assers, Aoergs, Simpa, FGEI, Sinasefe-IFSul vai na mesma direção.
Segundo o estudo, 89% das mães, pais e responsáveis consideram importante que os poderes públicos forneçam uma vacina gratuita e em massa para viabilizar o retorno presencial às escolas em Porto Alegre.
Segundo os últimos dados da Secretaria Estadual de Saúde, o coronavírus já levou à morte 2.744 pessoas e o total de infectados atingiu 98.007 no Estado. Dos 497 municípios, 480 já registram casos da doença.
PARTICIPANTES DA LIVE
Cássio Bessa – É professor do ensino privado e diretor de Assuntos Jurídicos do Sinpro-RS. Foi secretário-geral da CUT-RS.
Helenir Aguiar Schürer – É professora da rede estadual e presidente reeleita do Cpers Sindicato. Foi diretora do 23º Núcleo do Cpers, em Santana do Livramento, e secretária de Formação da CUT-RS.
Lúcio Vieira – É professor do IFRS Campus Porto Alegre e presidente do Sindicato Intermunicipal dos Professores de Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul (ADUFRGS).
Aline Kerber – É socióloga, diretora executiva do Instituto Fidedigna e presidente da Associação Mães e Pais pela Democracia.
Mediação
Silvana Piroli – É professora da rede municipal, secretária de Movimentos Sociais da CUT-RS e presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv).
Veja mais fotos do ato
(Fotos: Igor Sperotto)