Governo retém verba destinada para acesso à internet em escolas públicas
Foto: Igor Sperotto
A pandemia mostrou a importância da internet. Muitas empresas continuam operando com certa regularidade devido ao home office e escolas privadas ministram seus cursos pelo ambiente web, via plataformas. Na contramão dessa necessidade imposta, o governo Bolsonaro não investiu nenhum centavo de seu orçamento previsto para apoiar a implantação de redes nas escolas públicas.
Ao todo, o governo federal teria R$ 135 milhões alocados para ação. “Em um momento de pandemia onde a internet e as mídias digitais tem sido uma saída para a educação, o governo Bolsonaro patina no apoio à implementação de internet nas escolas públicas do país. Não é novidade que Bolsonaro não esteja cumprindo o que anuncia”, reclama o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA) que já integrou uma série de frentes parlamentares em defesa da educação.
O descaso do Ministério da Educação com a tecnologia no ensino público também foi verificado no primeiro ano do mandato de Bolsonaro. Do total da verba à disposição, apenas 16% foram investidos, R$ 37 milhões.
Em resposta a um requerimento da Comissão Externa de Acompanhamento do MEC na Câmara, a pasta afirmou que “não dispõe de informações acerca do número de alunos da rede pública de ensino do país que estão tendo tele-aulas e aulas on-line até o momento”.
Por causa dessa falta de empenho, hoje, durante a pandemia, pelo menos 5,7 milhões de estudantes ainda precisam pagar internet para ter aula na rede pública. Esse é o número de um levantamento feito pelo jornal O Globo em 17 Estados do país.
Segundo o jornal, o levantamento ainda registrou que apenas cinco Estados estão financiando o acesso à internet para seus alunos: Espírito Santo, Maranhão, Paraíba, Minas Gerais e São Paulo.
Um paradoxo é identificado. Apesar de todos os outros estados disponibilizar material on-line, os alunos e seus pais sem recursos para pagar a internet, têm como alternativa pegar apostilas e entregar trabalhos nas escolas. Isso, ao gerar aglomerações, cria um ambiente propício para a disseminação da Covid-19.
A última pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) a TIC-Educação 2019 mostrou que 39% dos estudantes de escolas públicas urbanas não têm computador ou tablet em casa. Nas escolas particulares, o índice cai para 9%.