EDUCAÇÃO

Pais e alunos ocupam Escola Rio Grande do Sul para evitar fechamento

A ocupação foi decidida pela comunidade escolar como último recurso para evitar o fechamento da unidade, que atende 249 crianças e 34 estudantes na educação de jovens e adultos no Centro de Porto Alegre
Por Flavio Ilha / Publicado em 4 de setembro de 2020

Pais e alunos ocupam Escola Rio Grande do Sul para evitar fechamento

Foto: Igor Sperotto

Pais, estudantes e professores ocuparam a escola para evitar fechamento

Um grupo com quatro dezenas de pais, alunos e professores ocupou na manhã desta sexta-feira, 4,  as dependências da Escola Estadual de Ensino Fundamental Estado do Rio Grande do Sul, no Centro de Porto Alegre, para evitar o fechamento da unidade pela Secretaria de Educação do Estado (Seduc). Na quinta-feira, 3 , a escola teve suas dependências violadas por técnicos da Seduc, que romperam o cadeado e retiraram móveis e arquivos.

A ocupação foi decidida no final da manhã pela comunidade escolar como último recurso para evitar o fechamento da unidade, que atende 249 crianças e 34 estudantes na educação de jovens e adultos (EJA). A Seduc alega que o prédio tem problemas estruturais e que o índices de reprovação são grandes. Além disso, o prédio deve receber um albergue para pessoas em situação de rua durante a pandemia do novo coronavírus.

As atividades deverão ser transferidas para a Escola Estadual de 1º Grau Leopolda Barnewitz, no bairro Cidade Baixa. Os pais de alunos alegam que as crianças não têm como se deslocar sozinhas até a nova unidade, distante mais de um quilômetro da sede atual. Além disso, a Rio Grande do Sul é a única que mantém ensino de jovens e adultos no Centro. O grupo que resiste à transferência decidiu registrar um boletim de ocorrência (BO) na Polícia denunciando o arrombamento da escola.

Entidades mobilizadas

“Só vamos sair daqui com garantias oficiais de que a Rio Grande do Sul não vai ser fechada. Essa escola é da comunidade, não do governo”, garante a presidente do Conselho Escolar, Rossana da Silva. Os ocupantes estão organizando uma ata para oficializar a intenção de permanecer no local e mobilizando outras entidades sociais, como Cpers e Associação Mães e Pais pela Democracia, em apoio à escola.

Houve ato em frente à Seduc, em protesto contra a decisão

Houve ato em frente à Seduc, em protesto contra a decisão

Foto: Igor Sperotto

A professora de Ciências Daniela Dutra Prates, que leciona na EJA, diz que muitos trabalhadores do Centro que moram na periferia são alunos da escola. Segundo ela, eles só conseguem manter o estudo porque a unidade fica próxima a seus locais de trabalho. “O governo desconhece nossa realidade cotidiana, dos nossos alunos, sejam eles crianças ou adultos. Do contrário, não fecharia a escola”, diz.

Pela manhã, durante reunião da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, o secretário de Educação, Faisal Karam, justificou que o uso da força foi necessário porque a direção da escola se recusou a entregar as chaves do estabelecimento. A diretora Elisa Santana Oliveira disse que a decisão de não entregar a chave foi referendada pelo Conselho Escolar, que é contra a transferência.

Além do BO, os pais de alunos vão denunciar a invasão ao Ministério Público Estadual. Segundo o Conselho Escolar, foram retirados móveis, computadores e impressoras – muitos dos quais eram equipamentos pessoais dos professores. Além disso, o arquivo com informações de todos os alunos e alunas foi removido. A internet também foi cortada.

Durante a audiência na Assembleia, Karam informou que as vagas da Escola Rio Grande do Sul existentes no sistema da Seduc já tinham sido remanejadas. Em comunicado, a Secretaria da Educação informou que está realizando “estudos técnicos preliminares para transferir as atividades da Escola Rio Grande Sul para outro endereço”. Mas não especificou para qual endereço e nem quando faria mudança.

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