Projeto leva sabedoria popular para as salas de aula
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O acesso ao conteúdo em PDF é livre e se destina a professores e estudantes de todos os níveis, com destaque para o ensino médio.
Inicialmente, o projeto foi publicado e divulgado aos professores e alunos argentinos por educadores da Universidade Nacional de Tres de Febrero (Untref), que em parceria com o Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação, Ética e Sociedade (Gepees), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), assumiu a responsabilidade de traduzi-lo e colocá-lo à disposição dos docentes e estudantes das escolas públicas brasileiras.
A publicação recorre à sabedoria e à educação popular traduzidas em histórias em quadrinhos traduzidos para o português e analisa três pensadores latino-americanos: o filósofo e antropólogo argentino Rodolfo Günter Kusch (1922-1979), o sociólogo e cientista político peruano Aníbal Quijano (1928-2018) e a socióloga boliviana de origem aymara-criollo, ativista e historiadora Silvia Rivera Cusicanqui.
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“São pensadores que tratam de temas muito específicos e bastante próximos da nossa realidade latino-americana. A proposta desse material é justamente auxiliar os professores da educação básica, sobretudo o ensino fundamental, e enfatizar que há toda uma história, uma cultura latino-americana expressa nas ideias desses autores, que não são abordados nem na formação de professores nem em sala de aula”, explica o professor Alonso Carvalho, da Unesp, um dos organizadores do material.
E complementa: “O que eles pensaram e o que fizeram mostra o compromisso e a dedicação na construção e na elaboração de ideias e alternativas com vistas ao objetivo republicano e democrático de melhorar a qualidade das escolas e da prática pedagógica em nosso continente”.
Novo livro
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Segundo Carvalho, o segundo livro já está sendo organizado com uma abordagem do pensamento dos brasileiros Paulo Freire, Marilena Chauí, Lélia Gonzales e Anísio Teixeira.
“Pensar em Movimento significa uma iniciativa interinstitucional e internacional que visa alcançar as populações ameríndias, especialmente aos jovens estudantes, o acesso a pensadoras e pensadores latino-americanos, ou seja, próximos de sua realidade e que trazem, portanto, todo um conjunto de conhecimentos contextualizados em nossa terra, em nosso continente, segundo uma perspectiva de convivência e valorização do que é nosso, que tem origem em nossa cultura”, explica Felipe Gustsak, professor do Departamento de Ciências, Humanidades e Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), parceira da iniciativa.
“São conhecimentos produzidos sobre epistemologias, educação ameríndia e educação intercultural que contribuem para qualificar a educação escolar e a educação das relações étnico-raciais, de acordo com a Lei 11.645/2008, efetivando a interculturalidade e a interciência”, completa Gustsak, que é pesquisador do projeto Peabiru – Educação ameríndia e interculturalidade, da Unisc.
“Trata-se de ‘caminhos do pensar’, não de ‘autores e obras’, cristalizados e fixos. O encontro entre estes pensadores com a comunidade educativa pretende contribuir e amadurecer, de maneira a mostrar nossas formas de pensar, nossas culturas que gravitam entre o fedor e a pulcritude de uma América que insiste em surgir de outra maneira à hegemonia imperial, cuja vinculação com a práxis não remeta apenas à teoria, mas que tornem-se, em exercício e produção, criadoras de novos sentidos no diálogo na sala de aula”, anota o professor José Tasat, da Untref, na apresentação à edição argentina.