EDUCAÇÃO

IPA fecha 12 cursos, mas não é caso isolado na Rede Metodista

Em meio a sucessivas crises que agora colocam em risco à sua continuidade, IPA cancela cursos de graduação e demite 50 professores
Por César Fraga / Publicado em 9 de março de 2021
Com encerramento de cursos, IPA demite 50 professores

Foto: Igor Sperotto

Com encerramento de cursos, IPA demite 50 professores

Foto: Igor Sperotto

A Rede Metodista no Rio Grande do Sul é formada por um conjunto de instituições educacionais que vivem uma situação muito grave de ameaça à própria continuidade. As coisas chegaram em um ponto que esta é uma cogitação que estamos sempre avaliando: se os estabelecimentos sobreviverão à gravidade da crise em que vivem. É o que pondera Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS, que acompanha a crise na Rede Metodista, em especial no Centro Universitário Metodista (IPA), em Porto Alegre.

No último dia 18 de fevereiro, o IPA anunciou o fechamento de 12 cursos de graduação, o que resultou na demissão de 50 professores. A alegação da instituição é de que se trata de medida necessária “para a reestruturação de seu equilíbrio financeiro e a possibilidade de retomada do crescimento a partir da oferta de um número menor de cursos alinhados à sua trajetória histórica”. Os cursos fechados são Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Serviço Social, Comunicação (Jornalismo e Publicidade), Música, Arquitetura, Pedagogia, Ciências Contábeis, Ciências Biológicas, Administração e Design.

“Trata-se de uma trajetória longa de decadência e de aprofundamento da crise, que já ocorre há muitos anos, mas começou a ficar mais visível a partir de 2018, quando os professores do IPA fizeram duas paralisações”, recorda Fuhr.

“No atual momento, o foco do Sindicato está no pagamento das verbas rescisórias dos demitidos e nos salários pendentes dos que permanecem. Temos absoluta clareza de que esses recursos não serão provenientes de receitas operacionais do caixa da instituição, mas de recursos advindos de desmobilização patrimonial. Sem isso, não tem como pagar. E essas questões vêm sendo discutidas pelo Sindicato com a instituição. No último dia 3 de março, foram encaminhadas para a instância de conciliação do Tribunal Regional do Trabalho. Infelizmente, não é um processo de solução rápida”, completa Fuhr.

A rede no estado e no país

Atualmente, a Rede Metodista Sul conta com cinco instituições no estado: Colégio Americano (IMEC) e Centro Universitário Metodista (IPA) – ambos em Porto Alegre, Colégio Centenário e Faculdade Metodista, em Santa Maria, Instituto Educacional Metodista, de Passo Fundo, e Colégio União, de Uruguaiana. Em todo o país, a Rede possui seis instituições de ensino superior: em São Paulo (2), Minas Gerais (2) e Rio Grande do Sul (2); mais onze escolas de educação básica: em São Paulo (6), Rio Grande do Sul (4) e Minas Gerais (1).

A situação de gravidade não é exclusividade das escolas gaúchas. Os professores da Rede Metodista, em São Paulo, na base do Sinpro ABC e Sinpro Campinas e Região estão em greve por atrasos salariais. A Rede Metodista extinguiu um campus em Santa Bárbara do Oeste, da Unimep, e fechou o tradicional e pioneiro Colégio Metodista Bennett, no Rio de Janeiro, no ano passado. A escola tinha 133 anos.

Cristiane Gandolf, da direção do Sinpro/ABC, explica: “Em 2020, ficamos recebendo 50% dos salários de abril até dezembro, sendo que março só recebemos em junho. Ainda está pendente o 13º. Recebemos apenas o 1/3 de férias. Em 2021, recebemos 54% do salário de janeiro”. Segundo ela, o FGTS não é depositado desde 2015.

Sobre o fechamento do centenário Colégio Bennett, na capital do Rio de Janeiro, o professor Gustavo Henrique Cornélio, da direção do Sinpro/Rio, esclarece que a realidade é um pouco diferente do restante do Brasil em alguns aspectos. “Nossa escola fechou. Não decretaram falência. Pagaram 2019 e 2020, mas falta o 13º de 2020 e alguns outros passivos”.

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