Professores denunciam termo que isenta escola por eventual contágio no retorno às aulas
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Professores do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de São Paulo (Senac-SP) denunciam que estão sendo coagidos a assinar um termo que isenta a entidade de possível infecção do profissional no retorno às aulas durante a pandemia.
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O Sindicato dos Professores do ensino privado no estado (Sinpro-SP) informou que já está em contato para discutir o que considera “um absurdo” em unidades dessa organização integrante do Sistema S. O departamento de Recursos Humanos do Senac-SP contestou a informação.
Walter Alves, diretor do sindicato responsável por negociações junto ao Senac-SP, afirma que um documento como o que foi denunciado só poderia ser usado em casos de professores sem comorbidades que manifestassem o desejo de retorno presencial às aulas. Foi um acordo firmado entre trabalhadores e o empregador, explica.
Coação e medo de demissões
Não é o que está acontecendo, segundo um professor do Senac-SP que pediu para falar em condição de anonimato por medo de retaliações. Mostrando ter bastante conhecimento do que está acontecendo nas várias unidades do Senac em São Paulo, esse profissional cita o caso de um colega diabético que teria sido instado por sua gestão a assinar o termo. “Assinou por medo de ser demitido”, revela.
O professor ressalva que “esse grau de agressividade” não acontece em todas as unidades do Senac-SP, mas cita outros exemplos.
A situação de um professor demitido semana passada, que não assinou o documento porque teve uma morte por covid recente na família, o que lhe deixou receoso, também é relatada.
Outra queixa dos professores é que, desde 2019, o Senac-SP vem em processo acelerado de instalação do ensino médio. Por isso, suas instalações não seriam adequadas ao grande fluxo de adolescentes.
Senac atribui denúncias a “medo subjetivo”
Laércio Marques, Gerente de Pessoal do Senac-SP, diz desconhecer a prática relatada. “Não é real e algumas entram na esfera subjetiva do medo”, minimiza ao se referir aos casos apontados.
Segundo Marques, o termo foi criado por solicitações pontuais de professores da instituição que diziam “não aguentar mais ficar em casa”. O executivo relata que “alguns pouquíssimos professores nos contataram para retornar presencialmente e o Senac precisa se resguardar”, citando os protocolos do Estado de São Paulo que precisa atender. Sobre uma recente demissão, ele diz que há um caso, mas “por desacato do professor por telefone a sua gestora”.
Quanto às instalações, Marques afirma que todas as unidades da organização receberam em março do ano passado um protocolo que é considerado de referência.
O responsável pelo pessoal disse que já assumiu o compromisso de fazer um levantamento dos termos assinados e prestar informações ao Sinpro-SP.