Professores brasileiros trabalham mais, diz estudo
Foto: Marcello Casal jr / Agência Brasil
Professores das séries finais do fundamental no Brasil acumulam mais trabalho e se responsabilizam por mais salas de aula nos anos finais do ensino fundamental na comparação média com docentes dos Estados Unidos, França e Japão. Essa é a conclusão de um estudo da Fundação Carlos Chagas (FCC) divulgado no início dessa semana intitulado Volume de trabalho dos professores dos anos finais do ensino fundamental.
O trabalho realizado em parceria com o Instituto D3E usou dados da Pesquisa Internacional de Ensino e Aprendizagem da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Teaching and Learning International Survey (TALIS), e informações de sistemas educacionais do Brasil, Estados Unidos, França e Japão.
O relatório registra que ao menos 20% dos professores brasileiros que trabalham com o ensino fundamental lecionam em mais de uma escola de forma simultânea.
Em paralelo, na França, somente 4,7% dos docentes trabalham em mais de uma escola; no Japão, 2,7%. O menor índice é verificado nos Estados Unidos, 1,7%.
Impacto na qualidade
O estudo da FCC aponta que a maior demanda para os educadores no Brasil pode causar um prejuízo para a qualidade de ensino. A falta de tempo dos profissionais para planejar o conteúdo das aulas é o exemplo mais nítido.
Isso ocorre porque os estabelecimentos de ensino no Brasil costumam contratar seus docentes em tempo parcial. Enquanto nas escolas nacionais o percentual de professores trabalhando em tempo integral numa instituição é de 27%, nos demais países analisados têm uma proporção superior a 80%. Nos Estados Unidos chega a 94%.
Desta forma, o trabalho da FCC aponta a “necessidade de mudança no paradigma de contratação e definição de atribuições dos docentes por parte das redes de ensino brasileiras”.
Saúde
Foto: CNTE/Divulgação
Heleno Manoel Gomes Araújo Filho, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), representante dos profissionais do setor público, aponta outro fator. Segundo ele, a pesquisa da FCC “revela o que nós sentimos na pele”, refletindo na saúde dos trabalhadores.
De acordo com o dirigente sindical, “por mais que exista hoje um argumento que há uma queda nas matrículas e a taxa de natalidade diminuiu”, os professores brasileiros se deparam com salas cheias. Isso, revela ele, faz com que 1/3 dos trabalhadores da educação pública no Brasil sofra com doenças profissionais.
Leia estudo completo Volume de Trabaho dos professores dos anos finais do ensino fundamental .