Por que o Enem não abordou a pandemia da covid-19?

Foto: Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A pandemia do novo coronavírus, que infectou mais de 246,7 milhões de pessoas e levou à morte mais de 5 milhões no mundo, não foi tratado pelo Enem nem em 2020, nem em 2021

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Não foi o negacionismo do governo Jair Bolsonaro (sem partido) que deixou o tema covid-19 de fora nas duas últimas edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Muito menos, nas palavras do atual ocupante do Palácio do Planalto, a prova começa a ter a cara do governo. O que de fato ocorre é que o banco de questões da principal porta de entrada para o ensino superior no país não recebeu uma pergunta sequer que tenha sido formulada na atual gestão.

A situação é grave. O estoque de questões do Banco Nacional de Itens (BNI) está se esgotando e não há um número suficiente para o Enem de 2022, segundo servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela realização e aplicação da prova. O principal motivo que coloca em risco os futuros exames é a constante troca da presidência e diretoria do instituto.

Desde o início do governo Bolsonaro o Inep já teve quatro presidentes. No mesmo período, a diretoria de Avaliação da Educação Básica, responsável pela elaboração do Enem, teve seis diretores e, em 2019, chegou a ficar cerca de cinco meses sem titular.

Correndo atrás do prejuízo

O BNI não recebe novas questões desde o fim do governo Temer. Até então, isso ocorria todos os anos desde a criação do Enem, em todas as gestões. Essa falta de novas perguntas compromete que temas atuais testem a capacidade de raciocínio dos estudantes. É o caso da pandemia que surgiu em 2020.

Somente em 2020 é que o governo Bolsonaro publicou o primeiro edital para a seleção dos professores responsáveis pelas novas questões do Enem. Eles foram chamados apenas há dois meses para o curso de capacitação.

O processo

O BNI integra perguntas testadas e aprovadas para as provas do Enem. Ele é abastecido por professores escolhidos em uma seleção pública e que participam de um curso de capacitação no Inep.

Em síntese, o sistema faz com que após a formulação das questões pelos docentes elas entrem em etapas de revisão pedagógica. Uma junta de servidores das mais variadas áreas de conhecimento do Inep realiza ainda um processo de pré-testagem antes da aplicação do exame. Tudo isso dentro de parâmetros de segurança que buscam evitar que os estudantes tenham conhecimento das questões que estão sendo preparadas para uma prova do Enem.