EDUCAÇÃO

Movimento não aceita transformação do Instituto de Educação em centro cultural

Após mais de dois meses de espera, Movimento em Defesa do Instituto de Educação General Flores da Cunha, de Porto Alegre, teve audiência com a secretária de Educação do Rio Grande do Sul Raquel Teixeira
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 11 de janeiro de 2022

Foto: Movimento em Defesa do IE

Foto: Movimento em Defesa do IE

“Acho que a reunião somente conseguiu irritar a secretária”. Este é o sentimento de Maria da Graça Ghiggi Moralles, presidente da Comissão de Restauro do Instituto de Educação General Flores da Cunha (IE) ao se referir a audiência realizada nesta terça-feira, 11, com a secretária de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira (PSDB-GO).

Foi o primeiro encontro entre o Movimento em Defesa do IE desde que em 21 de outubro foi solicitado a agenda. De positivo, os participantes, no entanto, ressaltam que a secretaria disse que informará ao governador Eduardo Leite (PSDB-RS) que a comunidade escolar não aceita que a mais tradicional escola pública gaúcha perca suas características para abrigar um centro cultural gerido em parceria com a iniciativa privada. Segundo o Movimento, Raquel Figueiredo afirmou que a proposta para o IE não é exatamente esta.

Em outubro passado, Extra Classe revelou que Leite assinou um protocolo de entendimento com o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), responsável pela gestão de iniciativas como o Museu do Amanhã no Rio de Janeiro.

Representante do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) na audiência, a professora Cecília Farias entende que houve êxito do movimento em explicar à secretaria a importância do restauro e devolução do equipamento público à comunidade escolar.

Para Cecília, que estudou, lecionou, foi vice-diretora e teve uma filha nos bancos escolares do Instituto, o General Flores da Cunha tem uma importância relevante para a sociedade gaúcha. “Não só pela qualidade do ensino; até mesmo pela localização, sempre houve muita procura e acima das capacidades do IE”, lembra.

“Ali funciona uma escola de qualidade há anos”, reforça Graça, que também é mãe de aluno e ex-integrante do Conselho Escolar da instituição.

Falta de diálogo

Da mesma forma, tanto Cecília quanto Graça registram a total ausência de diálogo do Governo do Estado com a comunidade escolar. Com a paralisação das obras de restauro do IE no início do governo Leite, conforme Graça, muitas entidades se interessaram em dar um destino à edificação.

“Isso culminou com a entrada da secretária (Raquel) que veio com essa ideia, sem nenhuma discussão”, diz Graça.

“O Instituto sempre teve uma tradição de escuta à comunidade”, completa Cecília ao ressaltar o paradoxo.

Outros participantes da audiência ouvidos pelo Extra Classe preferiram dar declarações sem que seus nomes fossem revelados. Segundo eles, a secretária apresentou durante todo o tempo da audiência contrariedade com o Movimento. Questionada sobre a continuidade das obras de restauro, ela teria chegado a explodir e dizer que não faz retaliações. “Nunca tinha visto uma autoridade tão fora do centro como vi”, disse um participante.

A reunião contou com a presença de Amarildo Pedro Cenci, presidente da  CUT/RS; Rosane Teresinha Zan, diretora do Cpers/Sindicato; Cecília Maria Martins Farias, diretora do Sinpro/RS; Sofia Cavedon, deputada estadual; Maria da Graça G. Morales, presidente da Comissão do Restauro; Alessandra Lemes da Rosa, Diretora-Geral  do IE; e Heloiza M. Rabeno, professora e vice-presidente do Conselho Escolar do IE.

CASA CIVIL – Está agendada para esta quarta-feira, 12, audiência do Movimento em Defesa do IE com  o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos Júnior.

Extra Classe entrou em contato com a secretária Raquel via seu WhatsApp no início da tarde. Em retorno, às 16 horas, ela informou que está em reunião “desde as 14h até às 19h”.

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