Movimento não aceita transformação do Instituto de Educação em centro cultural
Foto: Movimento em Defesa do IE
Foto: Movimento em Defesa do IE
“Acho que a reunião somente conseguiu irritar a secretária”. Este é o sentimento de Maria da Graça Ghiggi Moralles, presidente da Comissão de Restauro do Instituto de Educação General Flores da Cunha (IE) ao se referir a audiência realizada nesta terça-feira, 11, com a secretária de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira (PSDB-GO).
Foi o primeiro encontro entre o Movimento em Defesa do IE desde que em 21 de outubro foi solicitado a agenda. De positivo, os participantes, no entanto, ressaltam que a secretaria disse que informará ao governador Eduardo Leite (PSDB-RS) que a comunidade escolar não aceita que a mais tradicional escola pública gaúcha perca suas características para abrigar um centro cultural gerido em parceria com a iniciativa privada. Segundo o Movimento, Raquel Figueiredo afirmou que a proposta para o IE não é exatamente esta.
Em outubro passado, Extra Classe revelou que Leite assinou um protocolo de entendimento com o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), responsável pela gestão de iniciativas como o Museu do Amanhã no Rio de Janeiro.
Representante do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) na audiência, a professora Cecília Farias entende que houve êxito do movimento em explicar à secretaria a importância do restauro e devolução do equipamento público à comunidade escolar.
Para Cecília, que estudou, lecionou, foi vice-diretora e teve uma filha nos bancos escolares do Instituto, o General Flores da Cunha tem uma importância relevante para a sociedade gaúcha. “Não só pela qualidade do ensino; até mesmo pela localização, sempre houve muita procura e acima das capacidades do IE”, lembra.
“Ali funciona uma escola de qualidade há anos”, reforça Graça, que também é mãe de aluno e ex-integrante do Conselho Escolar da instituição.
Falta de diálogo
Da mesma forma, tanto Cecília quanto Graça registram a total ausência de diálogo do Governo do Estado com a comunidade escolar. Com a paralisação das obras de restauro do IE no início do governo Leite, conforme Graça, muitas entidades se interessaram em dar um destino à edificação.
“Isso culminou com a entrada da secretária (Raquel) que veio com essa ideia, sem nenhuma discussão”, diz Graça.
“O Instituto sempre teve uma tradição de escuta à comunidade”, completa Cecília ao ressaltar o paradoxo.
Outros participantes da audiência ouvidos pelo Extra Classe preferiram dar declarações sem que seus nomes fossem revelados. Segundo eles, a secretária apresentou durante todo o tempo da audiência contrariedade com o Movimento. Questionada sobre a continuidade das obras de restauro, ela teria chegado a explodir e dizer que não faz retaliações. “Nunca tinha visto uma autoridade tão fora do centro como vi”, disse um participante.
A reunião contou com a presença de Amarildo Pedro Cenci, presidente da CUT/RS; Rosane Teresinha Zan, diretora do Cpers/Sindicato; Cecília Maria Martins Farias, diretora do Sinpro/RS; Sofia Cavedon, deputada estadual; Maria da Graça G. Morales, presidente da Comissão do Restauro; Alessandra Lemes da Rosa, Diretora-Geral do IE; e Heloiza M. Rabeno, professora e vice-presidente do Conselho Escolar do IE.
CASA CIVIL – Está agendada para esta quarta-feira, 12, audiência do Movimento em Defesa do IE com o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos Júnior.
Extra Classe entrou em contato com a secretária Raquel via seu WhatsApp no início da tarde. Em retorno, às 16 horas, ela informou que está em reunião “desde as 14h até às 19h”.