Mesmo sem incentivo à pesquisa, universidades gaúchas mostram força no South Summit
Foto: Rochele Zanvadalli/UFRGS
Apresentado como um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do mundo, a edição brasileira do South Summit – que ocorre até esta sexta-feira, 6, em Porto Alegre – é uma vitrine também para as universidades brasileiras, acossadas pela falta de verbas para pesquisa com o desmonte das estruturas de financiamento oficiais pela atual gestão do governo federal. Do total de finalistas, 17 startup foram geradas no Rio Grande do Sul.
Ao todo, são 47 finalistas da mostra competitiva do evento, sendo que duas delas são vinculadas à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Ambas são inciativas de ex-alunos do Instituto de Informática. A Trashin, especializada em coleta e destinação de resíduos, registrou resultados expressivos em 2021: mais de 70% das 1,3 mil toneladas de resíduos coletados tiveram reaproveitamento, o que gerou uma renda superior a R$ 500 mil para comunidades de recicladores em todo o país.
A Pix Force, por sua vez, utiliza imagens captadas por câmeras, drones ou satélites para gerar dados, especialmente para indústrias. O sistema permite inspeções autônomas, sem a presença humana, e controle digital de estoques. A empresa surgiu em 2014 nos laboratórios da Ufrgs e hoje integra mais de 50 pesquisadores das áreas de inteligência artificial e computação.
As duas iniciativas são resultado da implantação do Parque Zenit, centro científico e tecnológico da universidade, em 2012. O pró-reitor de Inovação e Relações Institucionais da UFRGS, Geraldo Jotz, reforçou que as ações fazem parte da “aliança pela inovação”, um conjunto de medidas que envolvem outras instituições de ensino como PUCRS e Unisinos. “Nosso papel é trabalharmos em conjunto. A Ufrgs tem como missão atuar para a sociedade. Queremos que todo o conhecimento científico aqui produzido se transforme em benefício coletivo”, disse.
Foto: Alex Rocha/PMPA
TecnoPUC
Representada pelo Parque Científico e Tecnológico, a PUCRS marca presença no South Summit com um portfolio de 170 empresas e mais de 6 mil pessoas envolvidas em pesquisa e inovação. A universidade, de acordo com o gestor de relacionamentos e negócios do TecnoPUC, Leandro Pompermaier, auxiliou na organização do evento e na montagem da programação. “No nosso parque proporcionamos um ambiente de inovação que tem como característica o fomento ao empreendedorismo, a ativação de negócios, a conexão com a academia e a formação de talentos preocupados em gerar impacto na nossa sociedade”, destacou.
Federal de Santa Maria
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), por sua vez, marcará presença com duas startups: a Get Commerce e a Fox IoT, incubadas no parque tecnológico da universidade, participarão de uma conferência em busca de novas redes de networking. A Get Commerce, uma plataforma de sistema de gerenciamento de lojas físicas ou indústrias para vendas online, participou no ano passado do Web Summit, realizado em Portugal, como representante do Brasil.
A empresa ganhou reconhecimento nacional após ter sido eleita, em 2021, a melhor plataforma de e-commerce do Brasil pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm. O objetivo priomordial da startup, segundo a CEO Josele Delazeri, é a internacionalização. “Queremos nos tornar o próximo unicórnio brasileiro”, exaltou Delazeri – o mítico personagem designa empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.
A Fox IoT também é uma empresa incubada da federal de Santa Maria que participa do evento. A empresa nasceu em 2017 e é uma startup que pretende revolucionar a maneira com que a energia elétrica é distribuída aos consumidores. Filipe Carloto, co-fundador e atual diretor da Fox IoT, diz que a empresa tem como principal objetivo se aproximar de fundos de investimento.
Tecnosinos
O gestor executivo do Tecnosinos, parque tecnológico da Unisinos, Silvio Bitencourt da Silva, destaca que o evento será um marco na história da inovação no Rio Grande do Sul. “Tem potencial para gerar uma onda de novas oportunidades para empresas, ambientes de inovação, governos, sociedade e universidades. Queremos atrair novas empresas e criar conexões para novos negócios com empresas estabelecidas no Tecnosinos”, afirmou.
Silva destaca a experiência de “governança compartilhada” entre poder público, universidade e investidores, que, segundo ele, “demonstra a assertiva do processo para o desenvolvimento de São Leopoldo também na inclusão social”. O gestor informa que um dos pilares do Tecnosinos é a formação de jovens talentos, como o Programa 3.000 Talentos TI. “É uma sinergia entre prefeitura, Unisinos e Senac para a formação de talentos em informática para o público da escola pública”, informou. O objetivo é formar 3 mil jovens estudantes até 2024.
Feevale Techpark
A coordenadora do Feevale Techpark, Manuela Bruxel, também informou que a prioridade é promover networking. O parque da Feevale tem 13 empresas incubadas e outras duas em fase de desenvolvimento. A Agidesk, startup instalada no Hub One POA, unidade de Porto Alegre do Feevale Techpark, é uma das finalistas para participar da batalha de startups, evento paralelo ao South Summit. “Foram mais de mil inscritos de países como Estados Unidos, Espanha, Índia, Nigéria, Turquia, Reino Unido, Argentina e Colômbia, além do Brasil”, disse Bruxel.
O South Summit, cuja primeira edição ocorreu em 2012, é realizado no Brasil, e fora de um país europeu, pela primeira vez. Focado em fomentar negócios dentro do ecossistema da inovação e promover conexões entre startups, grandes empresas e fundos de investimentos mundiais, o evento está sendo realizado no Cais Mauá. O encontro reúne mais de 300 palestrantes nacionais e internacionais em cinco palcos diferentes.