Professores do ensino superior privado farão greve em SP
foto: Reprodução/TV Fepesp
Professores do ensino superior privado de São Paulo anunciam greve a partir de 5 de setembro. O motivo é o impasse nas negociações com o sindicato patronal. A greve envolve cerca de 90 mil trabalhadores, que atuam em 200 universidades, com 2 milhões de alunos.
Desde março os sindicatos integrantes da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp) tem negociado com os representantes da mantenedoras pela renovação da convenção coletiva de trabalho de professores e auxiliares de administração escolar no Ensino Superior. Esta prática ocorre desde 1995, em negociações entre a Fepesp e o Semesp.
Conforme a Fepesp, em 2021 e 2020 as negociações já haviam sido seriamente dificultadas pelas restrições e ajustes nas condições de trabalho provocadas pela pandemia.
Conforme o professor Celso Napolitano, presidente da Fepesp, mesmo com o fim da pandemia o patronal se recusa a reconhecer a defasagem salarial causada pela alta da inflação nos salários dos professores e dos auxiliares de administração escolar.
“A comissão de negociação está dominada por representantes das grandes corporações mercantis, das Sociedades Anônimas, com ações na bolsa de valores. Esses executivos fazem parte da comissão de negociação e assim como acontece em São Paulo, eles estão contaminando e influenciando as negociações no resto do Brasil. Então fica muito difícil uma negociação em termos positivos”, alega.
Os grandes comerciantes do ensino estão participando de todas as mesas de negociação no país para tentar bloquear a recuperação da defasagem salarial gerada pela inflação”, diz Napolitano. “Estão em uma campanha predatória contra os educadores para manter e aumentar seus lucros”, conclui.
A greve atinge cerca de 90 mil trabalhadores, em 200 universidades com 2 milhões de alunos
Saiba as motivações da greve de professores
Celso Napolitano, que coordena a comissão de negociação dos sindicatos, elenca quatro pontos considerados pela Fepesp como sendo “irresponsabilidade patronal” e que motivaram os professores a votarem pela greve nas assembleias ocorridas no dia 17:
Irresponsabilidade – “A greve é responsabilidade patronal. Negociamos há 6 meses e eles mantém-se inflexíveis em não reconhecer a defasagem inflacionária. E muito menos em discutir as novas condições de trabalho docente, em função da utilização oportunista e desordenada do ensino a distância em cursos presenciais”.
Falta de argumentos – ‘Não aceitam a mediação, que poderia mostrar um caminho para a solução negociada do conflito, por não terem como sustentar seus argumentos diante de um mediador, que poderia ser o próprio desembargador do TRT. O quer eles escondem?”
Aviso prévio na mobilização – “Ainda assim, mostrando nossa disposição de negociar seriamente, os trabalhadores e trabalhadoras docentes e não docentes ofereceram mais uma chance para que os mantenedores demonstrem na prática a consideração que dizem ter com seus docentes: um aviso prévio, antes de recorrerem ao legítimo direito de paralisar as atividades”.
Consideração de professores e pessoal administrativo – “Os sindicatos aproveitarão esse período para, também, esclarecer estudantes, famílias, comunidade, da sua situação, da atuais relações de trabalho e da justeza da sua reivindicação: repor o poder aquisitivo, o que não se consegue desde 2020”.