Voto contrário do Banco do Brasil adia a aprovação do PRJ da Rede Metodista
Foto: Igor Sperotto
O voto contrário do Banco do Brasil, detentor de 80% dos créditos da Classe 3, determinou a rejeição do Plano de Recuperação Judicial (PRJ) Modificativo da Rede Metodista, na Assembleia Geral de Credores (AGC) realizada na tarde desta terça-feira, 22.
Na Classe 1 (créditos trabalhistas), o Plano de Recuperação Judicial Modificativo foi aprovado por 98,86% dos 3.357 participantes da Assembleia.
Formada por quirografários (bancos, financeiras, fundos de investimentos, grandes empresas e demais credores sem garantia real), a Classe 3 aprovou o PRJ por maioria dos participantes (91,51%).
No entanto, pelo critério de valor, o plano acabou rejeitado devido ao voto do Banco do Brasil, que detém 80,91% dos créditos da Classe 3.
O PRJ obteve aprovação de 66,67% dos participantes da Classe 2 (credores com garantia real) e 100% de aprovação da Classe 4 (micro e pequenas empresas).
Voto abusivo
O advogado da Rede Metodista, Luiz Roberto Ayoub, e o assessor especial do Sinpro/RS na RJ, Caio Zogbi Vitória, ressaltaram o caráter abusivo do voto contrário do Banco do Brasil.
Eles solicitaram ao administrador judicial e ao juiz da Vara Empresarial que conduz a RJ e ao Ministério Público que encaminhem a aprovação do PRJ desconsiderando o voto do Banco do Brasil.
O procedimento já foi adotada no processo de Recuperação Judicial da Aelbra em 2021.
Ayoub destacou que a instituição financeira é “contumaz” nessa conduta, votando contrário em mais de 90% nas RJ de que participa, aprovou apenas três em 50.
O advogado da Rede Metodista destacou o papel das instituições de ensino e os prejuízos decorrentes de uma rejeição ao PRJ. “Os credores vulneráveis são os mais prejudicados”, alertou.
Para o advogado Caio Vitória, assessor do Sinpro/RS nos processos de RJ, o voto do BB é “evidentemente abusivo”, pois “decorre de um credor que detém mais de 70% dos créditos e não transige em prejuízos de dezenas de credores da mesma classe e milhares das outras classes de credores”.
Vitória ressaltou que os credores da Classe 1 reivindicam a imediata aprovação do plano, inclusive para assegurar a estabilidade das instituições de ensino com a proximidade das matrículas.