EDUCAÇÃO

Em plena recuperação judicial, Aelbra ameaça reduzir salários

A iniciativa da mantenedora da Ulbra foi recebida com indignação pelos professores em um momento que sinalizava para a estabilização das relações da já extensa crise que marca a história da instituição
Por Gilson Camargo / Publicado em 10 de março de 2023

Foto: Ulbra/Divulgação

Foto: Ulbra/Divulgação

Depois de iniciar o pagamento de créditos trabalhistas como determina o Plano de Recuperação Judicial (PRJ) homologado pelo Judiciário no final do ano passado, a Aelbra, mantenedora da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), voltou a surpreender professores e funcionários com uma inusitada proposta de redução de salários.

Um dos maiores complexos educacionais privados do país, a Aelbra foi incorporada em março de 2022 pela Rede Evolua de Educação, de São Paulo, que passou a administrar dez unidades de educação básica, 12 de ensino superior e polos de EaD em 19 estados nas regiões Sul, Norte e Centro-Oeste.

No Rio Grande do Sul, a Rede emprega 1.715 técnicos administrativos e professores e tem 20 mil alunos matriculados em mais de cem cursos de graduação presencial, híbrida e Educação a Distância (EaD).

Créditos trabalhistas

No final de dezembro, a Aelbra iniciou o pagamento dos créditos trabalhistas dentro de uma programação prevista no Plano de Recuperação Judicial (PRJ) aprovado em novembro pela assembleia de credores.

No caso dos credores trabalhistas, a primeira parcela paga no final de dezembro contempla professores já desligados da instituição e credores de multas por atrasos de salários até o limite de R$ 11.877,12.

Os recursos para o cumprimento dessa etapa da RJ foram acessados pela Aelbra por meio de empréstimo junto ao sistema financeiro. Os valores foram repassados aos professores e técnicos administrativos habilitados pelos sindicatos das categorias, dando seguimento à expectativa de alguma normalidade para a continuidade das relações estabelecidas pelo PRJ.

Reunião de professores

No dia 27 de fevereiro, no entanto, durante uma reunião solicitada pela própria Aelbra, o Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) e demais sindicatos que representam os trabalhadores técnicos e administrativos foram surpreendidos com a pretensão da instituição de uma redução de 30% nos salários dos professores e de 20% na remuneração dos técnicos e administrativos.

“Para o Sinpro/RS foi uma surpresa. Desde que a Evolua assumiu a Aelbra, em nenhum momento houve qualquer cogitação quanto à redução salaria”, ressaltou Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS. “O Sindicato registrou sua contrariedade, que foi referendada pelos professores em reunião no dia 2 de março e reafirmada em nova reunião com a empresa no dia 8”.

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