EDUCAÇÃO

Família de estudante baleado no Paraná autorizou doação de órgãos

Faleceu nesta terça-feira, 20, durante a madrugada, a segunda vítima do tiroteio em Cambé, no Paraná; o atirador já havia realizado um outro ataque com faca em escola e fugiu
Por César Fraga / Publicado em 20 de junho de 2023
Família de estudante baleado no Paraná autorizou doação de órgãos

Foto: Reprodução/Acervo Pessoal/Redes sociais

Luan e Karoline tinham respectivamente 16 e 17 anos e eram namorados; o estudante não resistiu aos ferimentos

Foto: Reprodução/Acervo Pessoal/Redes sociais

Na madrugada desta terça-feira, 20, faleceu o estudante secundarista Luan Augusto, que estava internado no Hospital Universitário de Londrina após ter sido baleado na cabeça em tiroteio ocorrido no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no Paraná, na manhã de ontem. A família do estudante autorizou a doação dos órgãos. O adolescente é a segunda vítima fatal do terceiro ataque com morte à escolas neste ano. Já somam sete mortos em ataques a escolas em 2023.

Por volta das 9 horas da manhã da segunda-feira, 19, um ataque a tiros vitimou dois estudantes da escola. Conforme informações da Polícia Militar, o atirador é um ex-aluno de  21 anos, que teria ido até a direção da escola para solicitar seu histórico escolar, ocasião em que fez os disparos. Além Karoline Verri Alves, de 16 anos, que morreu na hora, Luan, de 16, chegou a ser levado pela Samu ao Hospital Universitário de Londrina (HU), a 14 quilômetros do local onde foi ferido. Luan e Karoline, além de colegas de ensino médio, estavam namorando.

 Depois do ataque, a polícia foi acionada e o atirador foi preso. Foram apreendidos com o criminoso, uma machadinha, cargas de munição de troca rápida e um revólver calibre 38.
À polícia, o atirador garantiu não conhecer as vítimas e que seu objetivo era atacar estudantes, pois, para ele, “estaria retaliando aquele sofrimento” e mágoa que guardava do tempo em que era estudante no colégio. As informações foram confirmadas pelo secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira. O secretário disse ainda, que o atirador já havia realizado um ataque com faca em uma outra escola, no passado, e foi denunciado pelo ministério público. Na época, a polícia militar foi acionada, mas ele fugiu.

Terceiro ataque de 2023

O tiroteio no Colégio Estadual Professora Helena Kolody é o mais recente de um total de três ataques com mortes contabilizados em escolas brasileiras este ano. Desde janeiro, pelo menos sete pessoas morreram em razão de atos violentos praticados em colégios no país.

Entre 2002 e 2023 ocorreram 32 ataques com violência a escolas no Brasil. Mais da metade foram realizados a partir de 2018. A maioria das vítimas são mulheres.

Blumenau

Em abril deste ano, um homem invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), no Vale do Itajaí, matando quatro crianças  e ferindo outras três. O autor foi preso após se entregar na central de plantão policial da região.

São Paulo

O atentado em Blumenau foi o segundo em pouco mais de uma semana. No fim de de março, a professora Elizabeth Tenreiro, 71 anos, morreu após ser esfaqueada na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo. Um estudante adolescente de 13 anos, responsável pelo ataque, foi apreendido.

Operação Escola Segura

Em abril, 302 pessoas haviam sido presas ou apreendidas pela Operação Escola Segura. O balanço mais recente do governo federal aponta 2.593 boletins de ocorrência registrados, mais de mil pessoas ouvidas e 1.738 casos em investigação, além de 270 ações de busca e apreensão de armas a artefatos de grupos extremistas.

À época, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que a operação não tem data pra terminar. “Nós vamos continuar a agir até nós combatermos e debelarmos um a um esses agrupamentos extremistas que estão querendo fazer terrorismo contra as crianças, contra os adolescentes e contra a educação. Essas pessoas são inimigas da liberdade.”

Canal de denúncias

Após o registro de ataques a escolas nos últimos meses, o serviço Disque 100 passou a receber denúncias de ameaças de ataques a escolas. As informações podem ser feitas por WhatsApp, pelo número (61) 99611-0100.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública também dispõe de um canal para receber denúncias de violência escolar. Informações sobre ameaças de ataques podem ser feitas ao canal Escola Segura. As informações enviadas ao canal serão mantidas sob sigilo e não há identificação do denunciante.

 

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