EDUCAÇÃO

UniRitter e Fadergs demitem 74 professores em julho

Instituições da holding Ânima demitem e adotam práticas contratuais que rebaixam as condições de trabalho dos professores
Por Gilson Camargo / Publicado em 1 de agosto de 2023

Foto: Arquivo/ Divulgação

UniRitter: os campi Zona Sul (foto), Canoas e Fapa demitem 60 professores

Foto: Arquivo/ Divulgação

Apesar dos bons resultados alcançados neste ano pela holding mineira Ânima Educação, a companhia segue demitindo professores e precarizando as relações e as condições de trabalho da categoria em suas unidades.

No primeiro trimestre de 2023, mais recente balanço divulgado pela empresa, o lucro líquido de todas as instituições atingiu R$ 954,4 milhões, crescimento de 5,8% em relação ao mesmo trimestre de 2022. O ticket médio da Anima, de acordo com o balanço, é superior a R$ 8 mil na modalidade presencial.

O grupo faturou na crise, durante e na pós pandemia, conforme costuma anunciar aos investidores. A base total de alunos na graduação cresceu 5,3%, atingindo 350,4 matrículas no segundo semestre deste ano. Desse total, mais de 230 mil alunos estão na modalidade presencial e 107 mil cursam EaD.

Demissões

Além de universidades no Rio de Janeiro e São Paulo, no Rio Grande do Sul, onde adquiriu os ativos da Laureate em 2021, o grupo controla a UniRitter e Fapa em Porto Alegre, a UniRitter Canoas e a Fadergs, na capital.

Nas duas instituições, a Ânima aumentou as demissões no primeiro semestre. De 10 de janeiro a 30 de junho, o número de desligamentos por iniciativa da empresa (demissões) ficou dentro de uma realidade do ensino privado no estado. De acordo com o Sindicato dos Professores do RS (Sinpro/RS) ocorreram nesse período 13 rescisões.

Mas em julho, essa realidade mudou. Só neste mês foram agendadas nada menos que 74 rescisões contratuais, 60 na UniRitter e 14 na Fadergs. Ou seja, em apenas um mês, as instituições do grupo demitiram 570% a mais do que em todo o primeiro semestre.

As demissões em grande número e a precarização das condições de trabalho começaram quando as instituições ainda pertenciam à Laureate. Quando houve a redução da carga horária de quatro para três períodos por turno, além da quebra da isonomia salarial para os novos contratados, entre outras alterações que ferem a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.

Os coordenadores de cursos, que são professores, vêm sendo contratados como cargos administrativos e remuneração diferenciada. São movimentos de precarização do ensino que têm suscitado diversas ações coletivas ajuizadas pelo Sindicato em nome dos professores.

“A UniRitter e a Fadergs adotaram o desdobramento contratual, uma estratégia para baratear os custos”, aponta Cecília Farias, da direção colegiada do Sindicato.

A dirigente acrescenta que, além dos cortes de professores por iniciativa das instituições, muitos professores estão pedindo desligamento, devido ao desalento com as condições impostas nessas instituições.

“Isso tem a ver com a situação de crise da educação superior, mas fundamentalmente tem a ver com o perfil mercantilista dessas instituições que foram compradas pela Laureate e depois pela Ânima”, avalia Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS.

Renovação do quadro docente

Por meio de notas separadas por instituição, o grupo Ânima afirma que os desligamentos fazem parte do “ciclo de renovação do quadro” que é realizado ao final de cada semestre e que “entende o desconforto que pode ser ocasionado pelas mudanças”. Seguem as íntegras dos comunicados:

“A UniRitter realizou movimentações no seu corpo docente, incluindo realocações, contratações, promoções e desligamentos de educadores e educadoras. Os movimentos são atividades naturais do ciclo de renovação do quadro regular realizado ao final de cada semestre letivo e esse processo não foi alterado, pois é uma prática comum do mercado de educação”.

“A FADERGS realizou movimentações no seu corpo docente, incluindo realocações, contratações, promoções e desligamentos de educadores e educadoras. Os movimentos são atividades naturais do ciclo de renovação do quadro regular realizado ao final de cada semestre letivo e esse processo não foi alterado, pois é uma prática comum do mercado de educação”.

 

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