Brasil investe só um terço do que os países ricos destinam para a educação básica
Foto: Luis Fortes/MEC
O Brasil investe apenas um terço dos gastos dos países ricos na educação básica pública por aluno e ocupa a terceira pior posição no relatório Education at a Glance 2023 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
NESTA REPORTAGEM
A metodologia aplicada no estudo contempla todos os recursos estatais usados na educação pública no ano de 2020, divididos pelo total de matrículas no ensino fundamental e médio e os comparando com os principais indicadores na área da educação.
Os três primeiros colocados são respectivamente Luxemburgo, Suíça e Bélgica, com U$ 26.370, US$ 17.333 e US$ 16.50. Estados Unidos ocupam a sexta posição, com U$ 15.194.
O ranking contempla os 38 países do organismo e três aspirantes ao bloco, África do Sul, Argentina e o próprio Brasil.
Na frente apenas da África do Sul (40ª posição, com U$ 3.085 de investimento anual) e do México (41ª, com U$ 2.702), o Brasil fica oito casas abaixo dos latino americanos Chile (31ª posição, com U$ 6.774), quatro da Costa Rica (35ª, com U$ 4.958), três da Colômbia (34ª, com U$ 4.269) e duas da Argentina (37ª, com U$ 3.975).
Entre os países da América Latina listados, Chile, Colômbia, Costa Rica e México são integrantes da OCDE.
Os “nem, nem”, o ensino profissionalizante e superior
O estudo aponta que após a Covid-19, o Brasil reduziu 10,5% de seus recursos públicos com educação, enquanto os países integrantes da OCDE realizaram uma elevação média de 2,1%.
Na faixa etária dos 18 a 24 anos, o relatório faz um destaque sobre o número de jovens que não estudam nem trabalham.
O Brasil fica com o sexto pior indicador, com um total de 24,4% diante de uma média de 15%.
Entre os países pesquisados, a Holanda é a melhor posicionada, com apenas 4% de percentual.
No ensino profissionalizante, o Brasil é o terceiro pior em acesso, com 11% dos estudantes de 15 a 19 anos matriculados. A média da OCDE nessa mesma faixa etária é de 37%.
No entanto, a pesquisa destaca que a modalidade tem pouca atenção.
“Programas escolares e práticos combinados permanecem raros em muitos países. Em média, apenas 45% de todos os estudantes de educação profissionalizante do ensino médio superior estão matriculados em tais programas em toda a OCDE”, aponta o relatório.
O estudo afirma que o ensino profissionalizante ainda é visto como “opção alternativa para estudantes com dificuldades para estudar ou que têm pouca motivação”.
A melhor performance do Brasil no ranking se deu no ensino superior. Nele, os investimentos governamentais ficam próximas da média da OCDE, que é de US$ 14.839.
Com US$ 14.735 investidos anualmente por aluno em sua rede pública de ensino superior, o Brasil fica a frente dos sul-americanos e Estados Unidos.
Ranking de investimento na educação básica
- Luxemburgo – U$ 26.370
- Suíça - U$ 17.333
- Bélgica – U$ 16.501
- Áustria – U$ 16.144
- Noruega – U$ 15.551
- Estados Unidos – U$ 15.194
- Islândia – U$ 15.163
- Coreia – U$ 14.525
- Suécia – U$ 14.093
- Dinamarca – U$ 13.162
- Austrália – U$ 12.416
- Finlândia – U$ 12.366
- Holanda – U$ 12.312
- Canadá – U$ 12.260
- Reino Unido – U$ 12.064
- Itália – U$ 11.178
- Espanha – U$ 10.819
- Portugal – U$ 10.643
- República Checa – U$ 10.616
- Irlanda – U$ 9.910
- Eslovênia – U$ 9.572
- Estônia – U$ 9.265
- Israel – U$ 8.865
- Nova Zelândia – U$ 8.808
- Polônia – U$ 8.457
- Lituânia – U$ 8.168
- Eslováquia – U$ 8.132
- Letônia – U$ 7.400
- Croácia – U$ 7.307
- Grécia – U$ 7.021
- Chile – U$ 6.774
- Hungria – U$ 6.586
- Bulgária – U$ 5.820
- Romênia – U$ 5.129
- Costa Rica – U$ 4.958
- Colômbia – U$ 4.269
- Argentina – U$ 3.975
- Turquia – U$ 3.607
- Brasil – U$ 3.583
- África do Sul – U$ 3.085
- México – U$ 2.702