EDUCAÇÃO

Professor do Anchieta não será demitido, afirma direção

Em nota, a escola não apenas garantiu que manterá o docente em seus quadros, como também que nunca houve qualquer tipo de reclamação contra ele
Por César Fraga / Publicado em 17 de novembro de 2023

Professor do Anchieta não será demitido, afirma direção

Foto: Anchieta/Facebook

Foto: Anchieta/Facebook

Colégio Anchieta anunciou oficialmente que manterá o professor de história envolvido em polêmica Israel-Hamas em seu corpo docente. É o que diz nota interna divulgada na última quinta-feira, 16, pela direção da escola e endereçada à comunidade escolar (professores, funcionários, pais e estudantes).

O documento se refere ao episódio ocorrido no dia 30 de outubro, durante uma aula de história do 9º ano, em que o docente contextualizou sob vários prismas o conflito no Oriente Médio.

Um vídeo captado durante a aula viralizou nas redes sociais e uma campanha promovida por militantes de extrema direita e pais de estudantes identificados com este ideário pediram a demissão do profissional. Na ocasião, o docente foi afastado temporariamente de suas funções.

Em resposta, a nota interna do Anchieta afirma que a escola tem 133 anos de história e que se pauta pela observância ao “Estado Democrático de Direito e aos princípios inacianos”.

A instituição também informa que “repudia todas as formas de linchamento moral de quaisquer dos envolvidos no episódio, os quais foram devidamente acolhidos pela instituição”.

A importância de respeitar a privacidade dos envolvidos foi outro ponto de destaque do documento.

No texto, o Anchieta considera que tomou todas as medidas cabíveis quanto ao episódio e afirma que o professor em questão  jamais foi alvo de qualquer reclamação sobre a sua conduta “ao contrário do que fora noticiado” em sites e noticiosos que promovem discursos de ódio e que reverberam o caso.

Em outro trecho, a direção diz: “Nada disso afeta o inarredável compromisso do Colégio Anchieta com a promoção de uma cultura de paz, que é inteiramente contrária a relativizar ou considerar como aceitáveis atos de terrorismo”.

Sindicato dos professores se manifesta

Na tarde desta sexta-feira, 16, o Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro/RS) em sua reunião semanal de diretoria saudou a decisão da escola. Do encontro, saiu um documento que reconhece “como decisão corajosa e meritória de preservação do professor  da instituição”. Dos quatro casos semelhantes acompanhados pelo Extra Classe nos últimos dois anos, este é o primeiro em que escola se posiciona em favor do professor contra as pressões externas ao ambiente de sala de aula.

“O Sinpro/RS considera que o corpo diretivo da escola soube respeitar seus valores e princípios em meio ao contexto desafiador e polarizado vivenciado pela sociedade brasileira. A decisão tomada honra a trajetória dessa centenária instituição de ensino e confirma seu compromisso com caráter plural e civilizador da educação e respeito com o Estado Democrático de Direito”, diz o texto.

O sindicato reiterou seu entendimento de que todos os acontecimentos que se passam na escola possam ser potencializados pedagogicamente dentro da própria escola, prestando-se ao aprendizado da necessária condição de convivência entre as pessoas, respeitando as diferenças que são inerentes à sociedade contemporânea.

Ato público na Redenção

O Sinpro/RS, em parceria com Cpers–Sindicato, Adufrgs Sindical, UNE e UEE, Associação de Mães e Pais pela Democracia, Associação dos Professores do Colégio Militar, Simpa e Atempa promovem neste próximo domingo, 19 de novembro, em Porto Alegre, uma Manifestação pela Liberdade de Ensinar e Aprender.

A concentração será a partir das 10h30, no Monumento ao Expedicionário, no Parque Farroupilha,  o evento contará ainda uma caminhada pelo Brique da Redenção.

De acordo com a diretora do Sindicato, Cecília Farias, o evento tem o objetivo de reafirmar a liberdade de cátedra dos professores e o direito dos estudantes de aprenderem com base na diversidade de pontos de vista. “A mobilização tem como propósito repudiar o cerceamento de ideias e a perseguição ideológica aos professores, praticados por grupos de militantes extremistas”, explica Cecília.

 

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