Pisa 2022: brasileiros estão entre os mais mal avaliados em Matemática, Ciências e leitura
Foto: Agência Brasil
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2022 divulgado na manhã desta terça-feira, 5, registra que o Brasil continua mal posicionado no ranking de 80 países que participam do teste.
O Pisa é uma iniciativa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Apesar de, em nível global, o país figurar entre os 20 piores em Matemática e Ciências e entre os 30 piores em Leitura, a queda foi menor entre todos os participantes, sob o impacto da pandemia.
“De certa forma é uma boa notícia, ainda que parcialmente”, diz a presidente-executiva do Todos pela educação, Priscila Cruz.
Segundo ela, nesse primeiro Pisa pós-pandemia era esperada “uma queda muito grande dos resultados de aprendizagem”.
É nesse sentido que a socióloga ressalta o desempenho nacional. Enquanto o cenário mostrou uma queda média de 15% em Matemática e Ciências e 10% em Leitura, o Brasil apresentou índices de 5% e 3% respectivamente.
“De forma relativa, o Brasil não se saiu tão mal assim”, relativiza Priscila. Ela afirma que os números mostram certa estabilidade.
Dificuldade histórica com Matemática
Estudo da Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) divulgado no site da Think Tank no domingo, 3, aponta que atualmente só 5% dos alunos que terminam a escola pública têm o aprendizado adequado em Matemática em avaliações nacionais. Já, em Língua Portuguesa, 31% saem da rede pública de ensino com um aprendizado condizente.
A situação é pior para estudantes pobres. É muito raro encontrar um jovem de baixo nível socioeconômico com o aprendizado adequado na matéria, segundo a pesquisa.
Essa dificuldade histórica, diante os exames brasileiros que são de múltipla escolha, se agrava.
Segundo o estudo, assim, não é possível identificar em que parte da solução de uma equação os estudantes erram.
Apesar de faltar dados sobre como olimpíadas de Matemática dão sua colaboração, curiosamente o trabalho do Iede percebe que as notas das escolas melhoram quando seus alunos que são premiados na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).
Grande parte dessas escolas que se destacam na Matemática está em estados do Nordeste. O Ceará, por exemplo, tem 40% delas.
Baixo índice de leitura na escola
Uma curiosidade também é vista em outra pesquisa feita recentemente pelo Iede sobre leitura.
Apesar da maioria dos estudantes brasileiros não ler textos longos, o estudo relata que os alunos nacionais leem por prazer mais do que o de outros países.
Isso não atenua o fato de 66,3% dos estudantes brasileiros de 15 a 16 anos relatarem que o texto mais longo que leram no ano letivo não ultrapassou 10 páginas e que, para 19,6%, a leitura foi de uma página ou menos.
Com base no Pisa anterior (2018), o trabalho do Iede coloca o Brasil com o menor índice de estudantes que leem mais de 100 páginas (9,5%) na América do Sul.
Para o Iede, os dados preocupam e precisam ser analisados com cautela. Eles “podem indicar falta de estímulo à leitura dos estudantes brasileiros, seja na escola ou em casa, por suas famílias”, assinala o relatório da pesquisa.
A análise evidenciou que um terço dos estudantes (33%) que leem textos com mais de 100 páginas chegou pelo menos ao nível 3 em Leitura, Matemática e Ciências no Pisa 2018.
Entre os que leem menos de uma página, apenas 6% chegaram ao mesmo resultado.