EDUCAÇÃO

Um ano depois da festa do centenário, o IPA fecha suas portas definitivamente

Tradicional instituição de ensino superior de Porto Alegre tem início de ano marcado pelas últimas rescisões de contratos com docentes e portões fechados
Por César Fraga / Publicado em 8 de março de 2024

Um ano depois da festa do centenário, o IPA fecha suas portas definitivamente

Foto: Igor Sperotto

Foto: Igor Sperotto

Um ano após a festiva comemoração do seu centenário, o Centro Universitário Metodista (IPA) encerrou definitivamente suas atividades. O abraço coletivo promovido pela comunidade escolar no começo do ano passado para celebrar os 100 anos da instituição, hoje fica na memória como uma despedida. Pela primeira vez desde 1923, o ano letivo do RS se inicia com os portões do IPA fechados.

“Infelizmente, se confirmou aquilo que o Sindicato havia constatado a partir das medidas administrativas anunciadas no início do segundo semestre de 2023: encerramento de cursos e a transferência de estudantes para outras instituições, mantendo apenas os formandos”, contextualiza Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS.

Na época da divulgação das medidas, em agosto, a assessoria de comunicação da Reitoria rebateu a tese de fechamento e chegou a dizer que se tratava de uma “reestruturação financeira para não haver fechamento”.

Informou, também, que estaria sendo preparado um material a ser anunciado antes do final do ano sobre como funcionaria o “novo IPA”, após a “reestruturação dos cursos deficitários”, o que nunca aconteceu.

Na ocasião, o Centro Universitário enfrentava a mais profunda crise de sua história, com salários atrasados, imóveis leiloados e uma recuperação judicial em andamento.

Somou-se a este quadro a greve de professores, quando no dia 22 de agosto, depois de mais de um mês de atraso no pagamento de salários e convivendo com uma política de inadimplência salarial recorrente nos últimos anos, os docentes decidiram paralisar suas atividades.

Com o fechamento do IPA e da Faculdade Metodista Centenário, em Santa Maria, a Rede Metodista deixa de ter educação superior no estado. Depois da venda do IE (Passo Fundo) para um investidor em 2022, restam em atividade três escolas de educação básica: Centenário (Santa Maria), União (Passo Fundo) e Americano (Porto Alegre).

“O Sindicato lamenta profundamente que isso tenha acontecido, considerando a trajetória de contribuição do IPA para educação do Rio Grande do Sul. Trata-se de uma instituição que chegou a ter, em seu auge, 13 mil alunos espalhados em várias unidades na Capital”, destaca o dirigente sindical.

O IPA, que em sua trajetória ofereceu 22 cursos de graduação, entre eles os reconhecidíssimos cursos de Fisioterapia, Terapia Educacional e Educação Física, encerrou suas atividades com cerca de 100 estudantes (formandos) e aproximadamente 50 professores. Foram extintos 135 postos de trabalho durante o processo que começou em 2021 e encerrou no final de 2023 e início de 2024 com as últimas demissões.

Método de fechamento é padrão na Rede Metodista

O processo de encerramento das atividades do IPA vem repetindo os mesmos passos da Rede Metodista em outras de suas instituições. Em fevereiro de 2021, a mantenedora anunciou o fechamento dos cursos de ensino superior em três campi da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), de São Paulo. As justificativas dadas foram a busca do equilíbrio financeiro e a retomada do crescimento.

Os alunos receberam comunicados por e-mail informando a decisão e solicitando seu comparecimento à universidade para detalhar as “soluções alternativas”. O mesmo ocorreu em 2020 com o tradicional e também centenário Colégio Bennett, na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, e com o Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, de Belo Horizonte, em dezembro de 2023 (a escola de mesmo nome já havia fechado em 2020).

 

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