Inundações no RS: professores pedem apuração dos fatos, responsabilização e a devida penalização
Foto: Valéria Ochôa
Os professores do ensino privado gaúcho afirmam que a tragédia provocada pelas inundações no estado do Rio Grande do Sul é expressão da mudança climática alertada há décadas pelos cientistas e pedem a revisão das flexibilizações da legislação ambiental definidas no último período.
A categoria defende também a manutenção das estruturas estatais e do funcionalismo público.
Ao contrário do que apregoa o discurso neoliberal, dizem os professores, “o que a sociedade precisa é de estruturas estatais e quadros funcionais com capacidade de atuação efetiva no atendimento de suas necessidades”.
O papel da educação na reconstrução do estado
O enfrentando das mudanças climáticas, assim como da crise econômica e social provocada pelas inundações em todo o Estado, passa necessariamente pela educação, observam os professores.
“A expectativa é de que a educação seja reconhecida por seu papel fundamental”, destacam.
Este reconhecimento, para os professores, passa pela destinação de recursos públicos para o financiamento dos estudantes na educação superior, garantindo a conclusão da formação profissional, bem como para a garantia da empregabilidade do quadro funcional das instituições de ensino.
“Os professores consideram ainda fundamental que as municipalidades, o governo estadual e a União prestigiem as empresas e as universidades gaúchas para a prestação de consultorias, definição de projetos e realização de obras para a recuperação do Estado”, destaca a Resolução dos professores.
Auxílio financeiro aos professores
A Assembleia aprovou ainda as ações e a política de solidariedade social desenvolvida pelo Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS), por meio do projeto Professores Solidários, no auxílio aos docentes atingidos diretamente pela tragédia, além de comunidades vulneráveis em diversas regiões do Estado.
Para viabilizar o projeto, os professores apelam a parceria dos colegas que não foram diretamente atingidos pelas inundações para que contribuam com doações. O projeto Professores Solidários recebe doações pelo PIX 51 99733-7506. Informações do projeto podem ser acessadas no site do Sinpro/RS.
A Resolução aprovada pelos professores foi proposta pelo Colegiado Estadual do Sinpro/RS, em reunião realizada de forma híbrida na manhã do último sábado, 25.
A reunião do Colegiado contou com painel do professor e pesquisador Rualdo Menegat, doutor em Ciências na área de Ecologia de Paisagem e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), sobre aquecimento e suas causas, as inundações no Rio Grande do Sul e medidas de prevenção a impactos tão severos.
Confira a íntegra no documento:
Resolução da Assembleia dos Professores
A Assembleia Geral dos Professores do ensino privado e comunitário do Rio Grande do Sul, realizada neste dia 25 de maio de 2024, discutiu e aprova a presente Resolução para nortear a atuação da sua representação sindical e manifesta-se à sociedade e ao poder público no contexto da tragédia ambiental e da crise gerada pelas inundações no Estado do Rio Grande do Sul.
Primeiramente consideram os professores que a tragédia das inundações é expressão das mudanças climáticas em curso, conforme reiteradamente alertado pela ampla maioria dos cientistas e das conferências promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) nas últimas décadas.
Consideram os professores que a gravidade e os impactos terríveis destes acontecimentos na economia e na sociedade gaúcha e brasileira são expressão também da condução do poder público através do afrouxamento da legislação ambiental e do desmonte das estruturas de fiscalização das atividades econômicas e da ocupação do solo urbano e rural.
Os fatos recentes decorrentes das inundações evidenciam que, contrariamente ao que apregoa o discurso neoliberal sobre a relativização e desimportância do Estado, o que a sociedade precisa é de estruturas estatais e quadros funcionais com capacidade de atuação efetiva no atendimento de suas necessidades.
Face às evidências de omissão e decisões administrativas dissonantes com os alertas da ciência e dos profissionais ligados à gestão ambiental, por parte de gestores públicos do Estado, da capital gaúcha e de municipalidades atingidas, os professores se posicionam favoravelmente à apuração dos fatos, identificação de responsabilidades e sua devida penalização. Manifestam-se igualmente favoráveis à revisão das flexibilizações da legislação ambiental definidas no último período.
Além disso, a expectativa dos professores é de que a educação seja reconhecida por seu papel fundamental no enfretamento das mudanças climáticas e da presente crise das inundações e de seus desdobramentos na economia e na sociedade.
Reivindicam a concretização desse propósito por meio da destinação de recursos públicos para o financiamento dos estudantes na educação superior, especialmente para os mais afetados pelas inundações, com vistas à viabilização de sua formação profissional, bem como para a garantia da empregabilidade dos professores.
Os professores consideram ainda fundamental que as municipalidades, o governo estadual e a União prestigiem as empresas e as universidades gaúchas para a prestação de consultorias, definição de projetos e realização de obras para a recuperação do Estado.
Os participantes da Assembleia avalizam ainda as ações e a política de solidariedade social desenvolvida pelo Sindicato através do projeto Professores Solidários, que vem auxiliando docentes que foram diretamente impactados pelas inundações com a perda de suas condições de moradia, além de comunidades vulneráveis em diversas regiões do estado.
A Assembleia insta os professores que estejam poupados dos efeitos mais diretos e imediatos das inundações, para que contribuam com as suas doações para a continuidade das ações do projeto Professores Solidários.
Maio, 2024