EDUCAÇÃO

Pedido de prisão de professora após greve contra terceirização de escolas no PR provoca revolta

Presidente do sindicato dos trabalhadores em educação é alvo de represália do governo após mobilização contra terceirização de escolas públicas
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 5 de junho de 2024
Pedido de prisão de professora após greve contra terceirização de escolas no Paraná provoca revolta

Foto: APP-Sindicato/ Divulgação

Após votação que aprovou a terceirização de escolas estaduais no Paraná, 70% dos professores entraram em greve

Foto: APP-Sindicato/ Divulgação

Entidades e parlamentares estão reagindo à solicitação de prisão da presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), a professora Walkiria Olegário Mazeto. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) já está sendo acionada. A informação é do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo.

O pedido de prisão assinado pela procuradora do estado Mariana Carvalho Waihrich sob ordens do Executivo do Paraná marca o nível de acirramento das tensões entre o governador Ratinho Júnior (PSD) e os trabalhadores na educação pública paranaense.

O motivo, a recente votação e sanção do projeto de lei que prevê terceirização de 204 colégios do estado.

Segundo a ação que foi encaminhada ao desembargador Marcelo Wallbach Silva, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), há uma suposta desobediência da entidade sindical presidida por Walkiria que não encerrou a greve dos professores da rede estadual.

O movimento iniciou no último dia 3, quando a proposta de terceirização foi a votação em primeira vez na Assembleia Legislativa do Paraná.

Pedido de prisão de professora após greve contra terceirização de escolas no PR provoca revolta

Foto: APP-Sindicato/ Divulgação

Walkiria Mazeto, presidente do APP-Sindicato é alvo de represália devido à mobilização dos professores

Foto: APP-Sindicato/ Divulgação

Proposição sem fundamento

“Primeiro, o que ele (Ratinho Júnior) pediu não vai ser efetivado. Já há o movimento lá dos parlamentares, já tem também conversas com o próprio governador e nós (CNTE) estamos trabalhando contra essas medidas de ataque à liberdade e autonomia sindical”, afirma Araújo.

Uma moção de repúdio a atitude tomada já está em fase de coleta de assinaturas de entidades Brasil afora e, segundo o presidente da CNTE, irá mostrar o tamanho da indignação da sociedade.

Segundo a direção do APP-Sindicato, não é só o jurídico da entidade que está se movimentando contra a solicitação de prisão da presidente da entidade.

Em nota, a APP-Sindicato informa que “deputados estaduais, Defensoria dos Direitos Humanos e OAB/PR, estão tomando todas as medidas políticas e jurídicas necessárias para o cancelamento imediato desta proposição que não possui qualquer fundamento legal”.

Alvo da solicitação de prisão, a professora Walkiria, declara que “o pedido é descabido, desproporcional e criminosos. A greve é legal e legítima, provocou na sociedade o debate sobre os rumos da educação e incomodou o Estado em sua pretensão de privatização”.

Prática truculenta e mentirosa

Na visão de Walkiria, a medida mostra a forma truculenta de agir do governo Ratinho Júnior e é mais uma “prática antissindical” entre uma série já vivenciada no estado.

Sob a alegação do Executivo estadual de que a terceirização nas 204 escolas se dará somente na parte da gestão administrativa, a presidente do APP-Sindicato é categórica: “Consideramos mentirosa. As empresas precisam cumprir metas educacionais, que, uma vez cumpridas, rendem bônus por estudante”, conclui.

A greve dos professores do Paraná está no seu segundo dia. No dia da primeira votação para permitir o processo de terceirização, manifestantes chegaram a ocupar a Alep e foram reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo. Pelo menos três pessoas acabaram feridas.

Segundo o APP-Sindicato, 70% dos professores do estado estão em greve. A Secretaria Estadual da Educação do Paraná (Seed-PR) diz que 95% dos professores estão trabalhando.

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