EDUCAÇÃO

Alfabetização entre indígenas registra crescimento

Censo do IBGE mostra que alfabetização entre indígenas subiu desde 2010, porém com mais intensidade em territórios protegidos e homologados
Da Redação / Publicado em 8 de outubro de 2024

Alfabetização entre indígenas registra crescimento

Foto: Christiano Antonucci/Secom-MT

Foto: Christiano Antonucci/Secom-MT

O Censo Demográfico 2022 – Indígenas: alfabetização, registros de nascimentos e características dos domicílios, segundo recortes territoriais específicos, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que 84,9% (1 milhão) das 1,2 milhão de pessoas indígenas com idade igual ou superior a 15 anos sabiam ler e escrever um bilhete simples, no idioma que conhecem – ou seja, eram consideradas alfabetizadas.

Apesar do número representar um aumento de 8,3 pontos percentuais, na comparação com 2010, quando a taxa de alfabetização entre indígenas era de 76,6%, a taxa continua abaixo da média nacional, que foi de 93% para esse grupo de idade.

Com relação aos pesquisados dentro de Terras Indígenas (TIs) – áreas preservadas e homologadas –, a taxa de alfabetização, em 2010, era de 67,70% e alcançou 79,20% em 2022, crescimento de 11,5 pontos percentuais. “A queda é ainda mais significativa, e ainda maior, dentro das Terras Indígenas”, observa Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais. A taxa de analfabetismo caiu de 32,3% para 20,8% dentro das TIs, redução acima da média nacional e da média geral de pessoas indígenas.

Um suplemento do Censo 2022 divulgado no início de outubro revelou que 85% dos brasileiros identificados como indígenas são consideradas alfabetizados, pois dominam minimamente a escrita e a leitura de textos simples, na língua que conhecem.

Esse crescimento na alfabetização dos povos vem ocorrendo desde 2010. No censo anterior, abrangia 76,6% dessa população. De acordo com a amostra revelada recentemente pelo IBGE, os indígenas a partir dos 15 anos de idade perfazem uma população de 1 milhão de pessoas de um total de 1,2 mil no país. Ou seja, uma parcela de 200 mil pessoas não é alfabetizada.

A taxa de alfabetização nas aldeias e reservas, entretanto, segue abaixo da média nacional, de 93%.

O levantamento apurou informações de alfabetização, registro de nascimento e características de domicílios de 1.694.836 pessoas indígenas (0,83% da população brasileira), sendo 622.844 vivem em terras indígenas (TIs) e 1.071.992 fora de território demarcado.

Enquanto a população brasileira como um todo tem taxa de analfabetismo de 7%, entre os indígenas é mais que o dobro, 15,05%. Nas terras indígenas, o índice sobe para 20,80%. Isso representa um em cada cinco indígenas moradores dessas localidades. No censo anterior, de 2010, a taxa era maior em todos os grupos: 9,62% para o total da população, 23,40% para os indígenas e 32,30% para os que viviam em TI. Os dados de 2022 revelam que – em todos os grupos – quanto maior a faixa etária, maior a proporção de analfabetismo.

Alfabetização entre povos indígenas registra crescimento, mas fica abaixo da média nacional

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Com seu passaporte, na Faculdade Indígena da UFGD, em Dourados (MS), a estudante guarani kaiowá Maristela Aquino, 44 anos, integrou grupo de oito doutorandos indígenas que fizeram intercâmbio na França pelo projeto Guatá

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

HABITAÇÃO – Em todo o país, o Censo 2022 contabilizou 72,4 milhões de domicílios particulares permanentes ocupados. Desses, 630.428 têm pelo menos um morador indígena, o que corresponde a 0,87% do total. De todos os moradores desses mais de 630 mil endereços, 73,44% são indígenas, ou seja, há coabitação com pessoas de outras cores e raças.

Nas TIs, 8,15% dos domicílios foram classificados como “habitação indígena sem paredes ou maloca”. As malocas, também conhecidas como palhoça, choupana, entre outras denominações, podem ser feitas de taquaras e troncos, cobertas de palmas secas ou palha e outros materiais e podem ser utilizadas como habitação por várias famílias.

Em relação ao abastecimento de água, 93,97% da população brasileira tinham distribuição até dentro do domicílio, seja por rede geral, poço, fonte, nascente ou mina encanada. Entre os indígenas, o percentual cai para 63,21%. Nas reservas, a redução é ainda maior, ficando apenas 30,76% dos moradores com abastecimento dentro de casa.

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