EDUCAÇÃO

Capes proibirá aulas gravadas em mestrados e doutorados no país

Para autarquia, aulas assíncronas, gravadas e assistidas pelos alunos em qualquer horário, comprometem qualidade. Por outro lado, ensino híbrido via plataformas será permitido
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 9 de dezembro de 2024

Capes proibirá aulas gravadas em programas de mestrado e doutorado no país

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aulas gravadas, sem que professores e alunos interajam simultaneamente, serão proibidas para os cursos de mestrado e doutorado no Brasil. Nesta semana a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) deve divulgar uma nova portaria para regulamentar o ensino híbrido na pós-graduação no País com publicação no Diário Oficial da União (DOU).

O posicionamento da Capes não significa o fim total do ensino à distância nas pós-graduações stricto sensu. Será permitido o ensino híbrido no modelo presencial, explica a presidente da autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC), Denise Pires de Carvalho.

No entanto, essas aulas deverão ser síncronas – com interação com o professor ou orientador – via ferramentas como Zoom e Google Meet e poderão contar como créditos do curso.

Denise, ex-reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é dura ao defender a nova portaria da Capes. “O Brasil não pode continuar vendendo diploma. Ministrar um curso com aulas gravadas sem o acompanhamento de nenhum professor, sem que haja nenhum tipo de interação síncrona”, declara.

Se a afirmação da presidente da Capes indiretamente também se volta para o que tem ocorrido frequentemente em cursos de graduação no país, ela destaca que na pós-graduação a situação é ainda mais delicada.

“É mais difícil ainda, porque você precisa de um produto final, original, uma tese. Isso é muito difícil com um estudante sozinho assistindo aulas”, afirma.

Educação a distância

A portaria não irá determinar a quantidade de aulas que podem ser feitas por meio de tecnologia. Denise acredita que cursos de pós híbridos, com aulas síncronas, devem ser uma tendência cada vez maior no país. Isso, devido a popularização das ferramentas tecnológicas, o que, para ela, não é um problema. “Principalmente naqueles (programas) que não têm muito trabalho de campo experimental”, entende.

Hoje, apenas o Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio (Cefet-RJ) tem um curso de pós graduação stricto sensu em educação a distância aprovado pelo MEC. Lá, um dos requisitos é que 40% das atividades precisam ser presenciais, de aulas, orientação e pesquisa.

Por outro lado, na graduação, o número de alunos saltou de cerca de cinco mil alunos de graduação EAD para quase 5 milhões em vinte anos, grande parte em cursos de Licenciatura.

Em junho passado, o governo Lula demonstrou sua ideia de criar freios para o modelo que estava se transformando em uma verdadeira indústria concentrada nos maiores grupos de ensino superior privados.

O MEC proibiu até 2025 a autorização de novos cursos, a abertura de polos e a expansão de vagas nos cursos de graduação EaD que já existem. A ideia é regulamentar uma nova modalidade de ensino, a educação semipresencial.

 

Comentários