EDUCAÇÃO

Sinpro/RS realiza reunião hoje com professores da Dom Alberto

No encontro, professores e Sindicato avaliarão as questões trabalhistas com o encerramento, na ultima quinta-feira, 20, de sete cursos presenciais de graduação da Faculdade
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 24 de fevereiro de 2025

Foto: Reprodução Redes Sociais

Alunos protestaram em frente a Dom Alberto na última sexta-feira, 21

Foto: Reprodução Redes Sociais

A reunião entre o Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) e os professores da Faculdade Dom Alberto, de Santa Cruz do Sul, será realizada de forma virtual nesta segunda-feira, 24, às 17h, e ocorre em meio às críticas de professores e estudantes sobre a forma como o processo foi conduzido.

O diretor do Sinpro/RS, Marcos Fuhr, diz que não é incomum o encerramento de cursos em instituições privadas, mas a forma como a Dom Alberto conduziu o processo instalou um problema.

“Eles só chamaram os professores para uma reunião depois que os estudantes organizaram uma manifestação”, criticou Fuhr.

O Sindicato agora busca garantir que os direitos dos docentes sejam respeitados e que tudo ocorra de maneira transparente. Fuhr reforça que o Sindicato está atento aos desdobramentos e atuará para garantir que os professores tenham respaldo diante do anunciado pela Dom Alberto.

A Dom Alberto, do Grupo Faveni, anunciou o encerramento dos cursos presenciais de Administração, Ciências Contábeis, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia da Computação, Fisioterapia e Odontologia.

Mobilização dos estudantes e reunião com a Instituição

Na última sexta-feira, 21, dezenas estudantes e familiares realizaram um protesto em frente à Faculdade. O ato que ocorreu das 19h as 19h30 antecedeu uma reunião de representantes dos alunos dos sete cursos que deverão ser descontinuados de forma presencial. Eles foram recebidos por um advogado da Instituição.

Segundo Luan Pietro, representante do curso de Enfermagem, um documento está sendo elaborado pelos alunos para entregar à direção do Dom Alberto ainda nessa segunda, 24.

Na lista de reivindicações dos estudantes, está um plano de ação claro para a transição dos cursos presenciais que darão lugar somente a modalidade Educação a Distância (EAD), a garantia da conclusão dos cursos em andamento e transferências sem prejuízos acadêmicos e financeiros.

Os alunos também querem a garantia dos direitos dos bolsistas do Prouni, Fies, Quero Bolsa e Cres, além do reembolso imediato das mensalidades para aqueles que optarem pela transferência.

Pietro disse que o espírito dos estudantes é o de não aceitar prejuízos acadêmicos e financeiros decorrentes de uma decisão unilateral e sem diálogo.

Reunião dos professores

No mesmo dia 21, enquanto os alunos protestavam em frente à Faculdade, professores da Dom Alberto participaram de uma reunião com a coordenação e o setor jurídico da Instituição.

Segundo uma professora presente no encontro (que prefere não se identificar), a justificativa dada para o encerramento dos cursos foi a queda no número de matrículas após a pandemia e as enchentes na Região.

Segundo apurou o Extra Classe, os docentes saíram insatisfeitos com a falta de detalhes sobre seus futuros profissionais e o impacto para os alunos.

“O discurso foi conduzido de maneira a transferir responsabilidades”, relatou outro docente que pediu também pediu anonimato.

Ele disse que até a sugestão de que os professores deveriam ser responsáveis pela captação de novos alunos foi um dos pontos tratados pela Instituição.

“Transferir essa responsabilidade como um dever dos professores, gerou indignação entre nós”, relatou o docente.

A Faculdade, segundo os professores, ainda atribuiu parte da repercussão negativa do encerramento dos cursos ao vazamento de um documento interno. Outro relato do encontro com os professores dá conta que a instituição responsabilizou um aluno por divulgar a informação antes de um comunicado oficial.

Muitos professores consideraram a explicação como uma tentativa de desviar o foco da falha na comunicação institucional da Dom Alberto.

Histórico de descumprimentos

O assessor jurídico do  Sinpro/RS Marcelo Ott, diz que a Dom Alberto tem um histórico de descumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho.

“A Instituição apresenta tanto violações sutis, quanto infrações mais evidentes”, afirma Ott. Ele lembra que o Sindicato precisou ingressar com uma ação coletiva para garantir que as rescisões contratuais fossem homologadas com assistência sindical, conforme previsto na Convenção Coletiva da categoria.

Dom Alberto

O jornal Extra Classe entrou em contato com a direção da Dom Alberto, que disse preferir não se manifestar no momento.

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