Militantes em greve de fome entregam reivindicações ao STF
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Ao contrário do esperado pela equipe de apoio que acompanha os sete militantes que estão há 23 dias em greve de fome em Brasília, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso não atendeu o grupo em seu gabinete ontem à tarde, 22. Barroso designou sua chefe de gabinete, Renata Saraiva, para acolher as reivindicações. Já a ministra Rosa Weber, conforme estava previsto, recebeu os militantes em seu gabinete após a sessão plenária da corte. Segundo os manifestantes, a ministra Rosa Weber ouviu as demandas, mas evitou fazer qualquer juízo de valor. Procurada pelo Extra Classe em seu gabinete e via assessoria de imprensa do STF por diversas vezes no dia de hoje, 23, até o momento a ministra não se manifestou sobre a audiência.
Frustrada a tentativa de audiência com Luis Roberto Barroso, a comitiva dos grevistas conversou com a chefe de gabinete do ministro na ante-sala do gabinete de Barroso, atrás de um balcão. A funcionária anotou os principais temas e comprometeu-se a levar as informações ao magistrado. De acordo com a dirigente do MST, Kelly Monforte, na ocasião foram relatados os 23 dias da greve e apresentadas as reivindicações. Os manifestantes ainda reforçaram o pedido para serem recebidos pelo próprio Ministro Barroso.
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Após a sessão plenária do STF, conforme acordado, acompanhado de advogados, religiosos e lideranças do movimento social, Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves (Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA), Gegê Gonzaga (Central dos Movimentos Populares – CMP), Jaime Amorim e Vilmar Pacífico (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST) e Leonardo Soares (Levante Popular da Juventude) colocaram suas cadeiras de roda em torno da mesa de reuniões de Rosa Weber para a audiência prometida. A grevista Zonália Santos, que na noite anterior teve complicações em seu quadro de saúde, não pode estar presente.
Escolhida para se manifestar como porta-voz dos sete ativistas, que se encontram muito debilitados, Kelly Monforte afirmou que o ato extremo que está sendo protagonizado pelos sete militantes que estão há 24 dias sem se alimentar “dialoga com toda situação de crise política e econômica do nosso país”. Ela ainda disse que a luta dos sete grevistas é necessária para fazer valer o direito do cidadão brasileiro e para que se tenha noção de que, maior que a eleição, existe um povo que vota e que é fundamental que o voto do povo tenha validade. “Nós, enquanto brasileiros e brasileiras, não desistiremos do país, resistiremos, combateremos contra a volta radical da fome, para que a miséria não se expanda e para que também sejam garantidos os direitos democráticos de todos”, acrescentou.
Nos primeiros dias da greve de fome iniciada no dia 31 de julho, os sete grevistas protocolaram no Supremo Tribunal Federal 11 pedidos de audiência, um para cada ministro. Até o momento, foram recebidos por apenas três membros da corte.
Conforme boletim médico divulgado ontem, 22, a perda de peso entre os militantes variou de oito a 11 quilos. A médica especialista em Medicina de Família e Comunidade, Maria da Paz, afirma que neste momento se intensificam mais ainda os sintomas que fazem parte do quadro da greve de fome prolongada. “Os grevistas apresentam fortes dores musculares e quadro de hipoglicemia (alteração do nível de açúcar no sangue) e hipotensão (pressão arterial mais baixa do que o normal)”, esclareceu.