POLÍTICA

Olavo de Carvalho: o guru autodidata de Bolsonaro

Um dos principais representantes do conservadorismo no Brasil, Olavão como também é conhecido, indica dois ministros: Ricardo Vélez Rodriguez, da Educação, e Ernesto Araujo, das Relações Exteriores
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 23 de novembro de 2018

Foto: Reprodução

Morando em Richmont, Virginia, Carvalho se colocou à disposição para ser o embaixador do Brasil nos Estados Unidos

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Enquanto a ocupação até o momento de três ministérios pelo DEM deu início aos primeiros questionamentos do partido do presidente eleito Jair Bolsonaro a ponto de ameaçar a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara, o anúncio ontem, 22, de Ricardo Vélez Rodriguez para a pasta da Educação, o segundo nome abençoado pelo pensador Olavo de Carvalho foi encarado com tranquilidade e até aplaudido pelas hostes bolsonaristas.

Considerado por muitos como o ideólogo do governo de Bolsonaro, Carvalho também tem em sua cota pessoal o chanceler que será empossado em janeiro, Ernesto Araujo, e se colocou à disposição para ser o embaixador do Brasil nos Estados Unidos.

“Eu não sei explicar quem é Olavo de Carvalho. Até outro dia, era ninguém. De repente, apareceu como o grande guru de Bolsonaro e da extrema direita brasileira. É coisa de louco, que só o Google pode explicar. Desisti de tentar entender. É muito pra minha cabeça”, resumiu ontem nas redes sociais o veterano jornalista Ricardo Kotcho.

Um dos principais representantes do conservadorismo no Brasil, Carvalho é filósofo autodidata. Inicialmente, Olavão como também é conhecido, se dedicava a astrologia e, apesar de ter colaborando no primeiro curso de extensão universitária da PUC-SP nessa temática, nunca concluiu um curso superior. O jornalista e filósofo formado na Universidade de Minas Gerais Sebastião Nery, em relação aos diversos cursos “filosóficos” oferecidos por Carvalho chegou uma vez a declarar “isso tem nome: falsidade ideológica. E está no Código Penal”.

Pensamento influencia apadrinhados

Morando em Richmont, Virginia, Estados Unidos, Olavo de Carvalho tem um estilo de vida muito próxima e identificada à direita norte-americana. Hoje, se dizendo católico e criticando fortemente o atual Papa, o pensador – apesar de, na década de 1980, ter sido membro da ordem mística muçulmana Tariqa – lamenta a expansão do islã no Ocidente.

Esse lamento, bem como a crítica ao que chama de globalismo e a teoria do aquecimento global, que considera uma manipulação ideológica, é a coincidência que mais chamou a atenção da comunidade diplomática quando Carvalho emplacou seu primeiro apadrinhado no governo de Bolsonaro. Em um misto de ironias e apreensões, a imprensa brasileira e internacional registrou declarações do futuro chanceler Ernesto Araujo, sobre a importância do cristianismo no Ocidente, o heroísmo de Trump frente as ditas falácias globalistas, envolvendo o aquecimento global, entre outros assuntos.

Outra temática de Carvalho que influencia muito o atual governo é o que chama de Marxismo Cultural. E é nessa toada que Ricardo Vélez Rodriguez se afina mais com o guru da extrema-direita brasileira que coleciona uma série de controversas teorias da conspiração.

O futuro ministro da Educação do Brasil antes mesmo de ter sido convidado, mas confiante na indicação de Carvalho, escreveu em seu blog que pretende refundar o ministério. Rodriguez, que em recente palestra chegou afirmar que o golpe de 1964 deveria ser comemorado, enxerga “um grande aparelhamento lulopetista” nas universidades e no ensino básico.

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