GERAL

No palco, na tv e na sala de aula

Renato Hoffmann / Publicado em 9 de junho de 1997

Como a maioria dos atores gaúchos, João Batista Diemer, 37 anos, nascido em Montenegro, poderia ter optado por morar em São Paulo ou Rio de Janeiro, onde o mercado profissional é maior. Bagagem para isto não lhe falta. Seu currículo informa que foram dez peças de teatro, seis novelas e dois filmes. Acumula experiência na publicidade, fazendo locuções e gravando comerciais para a TV, como contratado exclusivo da rede de lojas de materiais de construção e decoração Tumelero. A renda principal vem daí e ajuda JB, como é mais conhecido, a levar a vida junto com a mulher e as duas filhas. Mas uma paixão tão antiga quanto a que nutre pela arte de representar o fez escolher outro palco: a sala de aula. JB é professor.

Formado em Artes Cênicas, pela UFRGS, começou a lecionar em 1982, numa escola estadual, em Cachoeirinha. Já naquela época, era difícil conciliar as duas atividades profissionais. Certa vez, cruzou com a diretora da escola no saguão do aeroporto de São Paulo. “Foi muito curioso, porque no colégio a gente nunca se via”, lembra. Passou pelo Colégio Farroupilha, onde montou o espetáculo infantil Rua Tal, Número Qual?, com um elenco de alunos da escola. Hoje, dá aulas de Educação Artística para turmas de 6? série do primeiro grau e 1? ano do segundo grau, na escola Sagrada Família, zona norte de Porto Alegre.

“O trabalho com os alunos é mais prazeroso, porque estabelece uma relação de afinidade, onde posso influenciar os jovens, inclusive fisicamente”, filosofa. “É nisso que reside a força do professor.” Além da matéria dada em sala de aula, JB orienta um grupo de alunos num trabalho de máscaras, que visa a fortalecer a expressão dramática. A turma mais antiga está ensaiando uma peça baseada em textos de Luis Fernando Verissimo sobre o teatro. Os colegas professores se exercitam em oficinas coordenadas pelo ator.

Entre 1989 e 1991, JB participou das novelas Eu prometo e Champanhe, na Rede Globo, e de Pantanal e Ana Raio e Zé Trovão, da Rede Manchete, onde também atuou em duas minisséries. “Interpretar para a TV exige muito do ator, pois é uma linguagem diferente do teatro”, diz, com a autoridade de quem também dirige. Em 1987, montou, atuou e dirigiu no palco Cenas de um casamento, um clássico do cineasta Ingmar Bergman. No cinema, participou do curta O corpo de Flávia, de Carlos Gerbase, e do longa metragem Gaúcho Negro, produzido por Xuxa Meneghel.

No ano passado, JB esteve em cartaz com a peça Com açúcar, com afeto, até que caia o teto, de Régius Brandão. O texto trata de um casal que enfrenta uma crise conjugal. A montagem foi produzida com verba do Fundo Municipal de Apoio às Artes (o Fumproarte) e encenada na Sala Álvaro Moreira, em novembro e dezembro. Agora, o grupo tenta levar o espetáculo para o interior do estado, mas as dificuldades são enormes. “Não faço teatro por dinheiro, se fosse por isto teria ficado na televisão, que paga melhor”, compara JB.
* COISA DE MESTRE quer revelar o perfil humano e o trabalho dos profissionais do Magistério. Se você conhece algum professor que desenvolva outras atividades de forma profissional ou como hobby, faça contato com o Extra Classe. A Redação agradece. A partir da próxima edição, esta coluna integrará a editoria de Educação, divulgando o trabalho e a experiência dos mestres, independe da associação ao Sinpro/RS.

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