GERAL

Um projeto de nação requer universidade pública

Publicado em 2 de junho de 1998

Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Wrana Maria Panizzi foi eleita e assumiu o cargo em 1996. Desempenhará a tarefa até o ano 2000, exatamente em um período em que o ensino público superior do país enfrenta uma de suas crises mais profundas. Nesta entrevista, ela examina os principais aspectos da situação e aponta perspectivas para a superação das dificuldades.

A professora Wrana Maria Panizzi ocupa o cargo de reitora da UFRGS depois de uma longa trajetória no magistério público. Nascida em Marcelino Ramos em 8 de novembro de 1949, cresceu em Passo Fundo, onde estudou, na Escola Normal Oswaldo Cruz e no Colégio Estadual Nicolau de Araújo Vergueiro. Em 1970, concluiu a licenciatura em Filosofia pela Faculdade de Educação da Universidade de Passo Fundo (UPF) e formou-se em Direito pela Faculdade de Direito da UPF em 1972. Cinco anos depois, tornava-se mestre em Planejamento Urbano e Regional, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os doutorados em Urbanismo e Ciências Sociais, pela Universidade de Paris, foram concluídos em 1984 e 1988, respectivamente. Ela ingressou no magistério no final dos anos 60 ainda em Passo Fundo, como professora do 1º e 2º graus. Em 1º de janeiro de 1976 foi contratada pela UFRGS como professora visitante. No mesmo ano, passou a professora regular dos cursos de mestrado e de especialização do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional (Propur). Desde 1990, é professora titular do Departamento de Urbanismo da Faculdade de Arquitetura. Wrana Panizzi também integrou a comissão coordenadora do Propur e sua coordenadoria geral, foi orientadora de dissertações de mestrado, membro de bancas examinadoras de mestrado, doutorado e concursos públicos de docentes. Foi Pró-Reitora de Planejamento e Pró-Reitora de Administração. No dia 17 de setembro de 1996, assumiu a reitoria da UFRGS. É presidente do Fórum de Reitores do Estado do Rio Grande do Sul e do Conselho Regional de Desenvolvimento do Delta do Jacuí (Corede Delta do Jacuí) de dezembro de 1996 a dezembro de 1998. Pesquisadora e consultora do CNPq, foi coordenadora do Comitê Assessor de Ciências Sociais Aplicadas e membro do Conselho Superior da Fapergs – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul. Presidiu ainda a Fundação de Economia e Estatística (FEE/RS), de 1989 a 1991. Foi membro do Conselho Diretor do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, de 1992 a 1996. Ela suporta um volume de trabalho intenso com satisfação. Apesar de uma agenda apertada entre reuniões e viagens, compromissos acentuados pela adesão da UFRGS à greve das universidades públicas federais, ela recebeu a reportagem de Extra Classe para esta entrevista, onde reafirma uma antiga assertiva que ainda precisa ser repetida porque os governos insistem em desconsiderar que dinheiro aplicado em educação não é gasto, é investimento com retorno social e econômico.

Extra Classe – Qual é o papel da universidade pública?

Wrana Maria Panizzi – O objetivo da universidade é a produção de conhecimento e a formação de recursos humanos altamente qualificados. Entendo que isso se constitui no recurso mais importante que existe hoje numa sociedade como a que estamos vivendo. Mas o papel da universidade pública vai além disso. Por exemplo, as grandes lideranças políticas, empresariais e do mundo do trabalho vêm da universidade. Então, ela tem de ser exemplar na democracia, na sua eficiência, no cultivo da ética, da humildade. Ao assumir este papel, a universidade pode e deve exercer uma liderança na sociedade, que vai além do conhecimento e da preparação dos recursos humanos qualificados.

EC – Então, não apenas formar técnicos para o mercado de trabalho?

WP – Isto mesmo. Não só para o mercado de trabalho, mas para a sociedade. Nós temos de formar profissionais que dêem conta da sua inserção no mundo do trabalho. Para isso, ele precisa estar bem qualificado, cientifica e tecnicamente. Se o profissional tem esta base científica, ele detém um instrumental que vai lhe permitir rapidamente superar o espaço que o desenvolvimento tecnológico pode ocupar naquele trabalho que ele desenvolvia. Desta forma, saberá usar melhor todo conhecimento que ele tem e da própria tecnologia. Se tiver só a técnica, ele é apenas adestrado. E a universidade tem obrigação de fazer muito mais do que isso. Tem que educar. Nós vivemos num mundo em que não existirão mais profissões tão delimitadas. As pessoas não terão mais um só emprego na vida. Elas têm de ter uma formação que permita constantemente se inserir e se reinserir no mundo do trabalho.

EC – Mas isso não vem de encontro a uma tendência predominante de especialização?

WP – É o grande paradoxo que o processo educacional vive hoje. A universidade tem de formar pessoas ao mesmo tempo bem especializadas, com um bom fundamento, mas que lhe permita rapidamente se reinserir (prefiro dizer reinserir do que se “readaptar”) no mundo do trabalho. Por exemplo, um engenheiro pode ser altamente qualificado em determinado setor da engenharia e de repente vir uma máquina e o substituir. O que será dele? Só uma boa formação permitirá que ele rapidamente se reformule e continue sendo engenheiro numa outra dimensão. Nossos profissionais hoje têm de ser estudantes permanentes, em permanente formação. Isso sempre foi necessário, mas hoje mais do que nunca.

EC – Poderia se dizer que a universidade deveria formar um cidadão inteligente, não apenas um profissional competente?

WP – Sim, evidente. Você tem de saber o que fazer deste conhecimento. Um mundo melhor? Você quer buscar o desenvolvimento? Buscar a riqueza econômica ou a riqueza da humanidade? Uma riqueza mais concentrada ou que permita uma vida melhor para todos? Eu acredito que quem produz conhecimento numa instituição educacional, como é o caso da universidade, tem que formar o bom profissional capaz de gerar riquezas para melhorar a qualidade de vida de todos. E só faz isso quem é cidadão. Portanto, ela tem que formar um bom profissional que seja também, e acima de tudo, um cidadão.

EC – Um cidadão que esteja também preocupado, digamos, com uma agenda nacional?

WP – Este é outro desafio da universidade. Ela tem de dar conta do seu compromisso com a realidade regional e nacional e manter o seu caráter próprio de universalidade. Portanto, seu compromisso é com as questões mais amplas relativas ao desenvolvimento nacional, com a construção de um projeto de nação. É paradoxal que a gente fale em construção de um projeto coletivo neste final de século quando parece haver uma predominância do individualismo, em que as pessoas estão muito preocupadas com o seu sucesso pessoal.

EC – Esta realidade individualista de certa forma não deixa de ser reflexo do modelo competitivo que está aí…

WP – Exatamente. Por quê? O mundo de hoje favorece cada vez mais a competição. O modelo atual é competitivo do ponto de vista das organizações, das sociedades e ele se reflete individualmente. Eu conversava com um reitor de uma universidade e ele dizia que os jovens não sabem bem qual é a profissão que querem e não estão muito preocupados com isso. Quando nós fazíamos a escolha de uma profissão, estávamos decidindo o nosso futuro. O jovem hoje entra numa faculdade e diz “bom se não der certo isso aqui, vou fazer outra…”. Tudo parece ser descartável embora todo mundo queira um lugar neste mercado e queira sucesso.

EC – Mas não seria positiva esta possibilidade de mudar de direção, ter a opção de mudar?

WP – Sim, talvez tenha este outro lado, de uma maior liberdade. O mundo de 50 anos para cá mudou muito. Naquela época você tinha um acesso mais restrito ao conhecimento, mas quando você tinha este acesso, dispunha de tempo para elaborar e se apropriar dele. Hoje, há uma enorme disponibilidade de informações, mas também há uma enorme fragilidade e até uma falta de consistência no conhecimento. Isto se revela na vida coletiva e individual, onde você tem a informação mas não tem o tempo necessário para elaborar e fazer dela um conhecimento verdadeiro.

EC – A universidade consegue acompanhar as transformações da sociedade?

WP – A universidade é uma instituição milenar, mas precisa se rever permanentemente. Hoje, as transformações são muito mais rápidas e ela precisa de tempo para absorver todo este conjunto de informações que o mundo moderno está produzindo. Por isso que ela é muito criticada, porque a sociedade exige respostas imediatas e a universidade precisa de tempo. Ela precisa permanentemente testar aqueles conhecimentos que ela discute, faz e transmite para os seus alunos. Acho que a universidade precisa repensar os seus métodos, os seus processos de trabalho, e sua forma de produzir o ensino, a pesquisa. É um momento de profunda modificação da universidade não só nos seus modelos de gestão. Ela deve ser capaz, enquanto instituição, de dar conta das grandes transformações que o mundo está vivendo.

EC – Em algum momento, a universidade pública conseguiu isso?

WP – Eu acho que ela consegue ser, de todas as instituições, a que se aproxima mais disso, senão ela não seria milenar. É uma instituição que passou por muitas crises, mas que foi capaz de renascer sempre. E, hoje, ela tem este compromisso numa sociedade que está num processo de renascimento. Toda esta crise que a universidade está vivendo não é uma crise isolada do mundo. A mundialização que estamos vivendo modifica o Estado, as instituições basilares da sociedade, as relações individuais, coletivas e o próprio modo de vida. E como isso não ia atingir a universidade pública? Nós precisamos ter um sistema universitário público que seja a espinha dorsal.

EC – Como está a universidade pública brasileira hoje?

WP – Vive um momento profundo de redefinição do seu papel e de sua forma de trabalhar. Ela precisa também repensar os seus modos e procedimentos de trabalho, de gestão, de sustentação. A universidade precisa manter-se como um lugar de reflexão permanente. Ela precisa sair de seu intramuros e estar em contato com a sociedade. É a sociedade que a sustenta, que a mantém e que demanda desta instituição o desempenho de um compromisso e de uma efetividade social ampla, significativa. A universidade não deve ter medo de falar com os diferentes segmentos da sociedade, com os agentes econômicos, sociais e políticos. Ela precisa abrir-se mais, dialogar e buscar uma interlocução permanente com todos estes agentes. A universidade pública nunca foi tão procurada e cobrada como vem sendo nos últimos anos e, ao mesmo tempo, tão valorizada. Nem sempre as políticas públicas são capazes de valorizar adequadamente a educação.

EC – O que já mudou?

WP – Hoje, a universidade já se reorganiza de forma diferente. Administrar uma universidade é muito mais complexo do que há algum tempo. Assim como a sociedade, a universidade tem hoje vários agentes, várias formas de representação dentro da própria instituição. Tem as entidades dos professores, dos técnicos-administrativos, dos estudantes, dos ex-alunos. Tem os conselhos superiores que se fazem presente, representando vários segmentos internos e externos da universidade, com poder decisório. Temos ainda o processo democrático de escolha destas instâncias todas. Os reitores não se fazem reitores por um ato só de nomeação. Eles são legal e legitimamente instituídos e constituídos. Isto ocorre em todas as instâncias. Hoje se trabalha com esta multiplicidade. Para isso você tem que ter uma profunda disponibilidade para ouvir, propor, compor, negociar interna e externamente. E isto é da natureza desta instituição. Quem trabalha em instituições que produzem conhecimento e formam recursos humanos têm que permanentemente lutar pela sua legitimidade. Se existe uma instituição que será constantemente criticada, contestada ou instada a se repensar é a universidade. Se há um lugar onde a gente tem que estar sempre alerta, é a universidade.

EC – Isso já é uma prática na UFRGS?

WP – Sim. Mas de uma forma ainda um tanto pontual. É preciso sistematizar este tipo de procedimento no caminho daquilo que eu tenho considerado a universidade do futuro e o futuro da universidade. Este momento nos coloca diante deste desafio. A sua superação, com certeza, revelará uma universidade diferente.

EC – Quais são as maiores dificuldades que a universidade pública vem enfrentando hoje?

WP – As políticas públicas estão atingindo as universidades naquilo que há de mais importante que são os seus recursos humanos. Eu diria que esta é uma das dificuldades, do ponto de vista da sua operacionalidade, do seu dia-a-dia. Do ponto de vista estrutural, a grande dificuldade é reconstruir sua identidade como universidade.

EC – A política adotada pelo governo está valorizando o conceito de universidade pública? Como fica a eficácia neste contexto?

WP – Todas as instituições públicas estão sendo questionadas na sua eficiência, na sua eficácia. Eu acho que nós também temos a obrigação de perguntar até que ponto estamos cumprindo nosso compromisso social, sendo eficientes e eficazes socialmente. Agora, as políticas públicas, ao mesmo tempo que dizem que a educação é uma das prioridades, investem muito aquém das necessidades e do valor que a própria sociedade dá à educação. A possibilidade do desenvolvimento nacional vai depender muito daquilo que nós investirmos hoje na educação, na formação dos recursos humanos qualificados e na produção do conhecimento. Disso depende a nossa própria soberania nacional. É equivocada a dicotomia ensino básico e ensino universitário. A educação é um todo. Nós só teremos bom ensino básico se tivermos boas universidades. Só teremos boas universidades se tivermos um bom ensino básico. Então, quando isso for considerado prioritário no país, aí sim estará sendo levado em conta o que é estratégico para a construção de um projeto nacional.

EC – Como a senhora avalia o projeto do governo federal para a educação?

WP – Quantitativamente, algumas metas estão sendo atingidas. Minha preocupação é do ponto de vista qualitativo e acho que mesmo quantitativamente estamos longe de atingir as metas necessárias neste país. Se a educação é colocada como prioridade, temos de ter investimentos muito maiores. Ainda temos um número elevado de pessoas que não conseguem estudar. Ainda há 17% de analfabetos entre 10 e 14 anos. Entre 15 e 18 anos, apenas 40% estão matriculados no ensino médio, e matriculam-se no ensino superior apenas 1% da população brasileira. Além disso, o conhecimento e a educação são muito mais importantes do que eram há alguns anos. Educação não é só diploma. Quando minha geração se formou, o diploma era a certeza do emprego. Hoje isto não basta. O investimento em educação precisa andar lado a lado com os investimentos sociais. A educação não pode ser entendida como gasto, mas sim como investimento.

EC – Qual é o orçamento da UFRGS?

WP – As universidades públicas em São Paulo, mantidas pelo governo estadual, têm um orçamento superior a R$ 2 bilhões por ano. As 52 universidades públicas federais têm um orçamento anual um pouco superior a R$ 5 bilhões. Então dá para ver a diferença. Neste ano, para se ter uma idéia, na UFRGS, nós temos R$ 13 milhões destinados à manutenção da universidade, o que dá um pouco mais de R$ 1 milhão por mês. Cerca de R$ 2 milhões para o pagamento de professores substitutos que não integram mais a folha de pagamento do pessoal. Esta folha consome cerca de 90% de nosso orçamento total de R$ 250 milhões. Para investimentos nós temos apenas R$ 52 mil.

EC – Qual o investimento para pesquisa?

WP – Esta questão é muito complexa. O recurso orçamentário é este que descrevi. Mas a pesquisa é mantida, basicamente, com projetos que vêm via agências de fomento, FINEp, CNPq, Fapergs. Na realidade, a universidade vem enfrentando uma redução dos recursos para pesquisa no que se refere, de modo especial, às bolsas para mestrado e doutorado. Bem como, uma diminuição dos recursos destinados aos projetos das diferentes agências. A alternativa proposta é buscarmos estes recursos junto a iniciativa privada. Entretanto, sabemos que estes recursos nas universidades que têm vínculo com o setor produtivo são muito pequenos. No MIT (Massachussets Institute of Tecnology), por exemplo, uma das instituições internacionais que maior vinculação têm com os setores produtivos, os recursos não chegam a 20% de seu orçamento. As grandes universidades brasileiras, como por exemplo, a USP (Universidade de São Paulo) tem 4% do seu orçamento provenientes de convênios com os setores produtivos. Nas demais universidades os recursos não chegam a 1%. Então, hão de convir que não será esta a grande fonte de recursos que vai garantir a pesquisa neste país, uma vez que 90% das pesquisas no Brasil são feitas nas instituições públicas de ensino e pesquisa.

EC – Quais são os reflexos das pesquisas realizadas pela universidade pública para o país?

WP – Quando se constata que 80% dos profissionais universitários com título de doutor estão ligados à universidade pública, compreende-se porque 90% da pesquisa desenvolvida no país acontece nessas instituições, e cobre as mais diversas áreas de ciências humanas, letras e artes. Daí resultam benefícios de toda ordem para a nossa população, para as empresas, para o desenvolvimento do país em várias dimensões. No caso da UFRGS, a pesquisa tem permitido, entre outros resultados, o desenvolvimento de novas tecnologias de hardware e software, tecnologias para a prospecção de petróleo e carvão, melhorias em saúde animal e humana, controle de poluição e preservação ambiental, melhorias em genética vegetal, novos sistemas de irrigação, uso racional de energia, etc. São esses resultados que demonstram a abrangência das atividades de pesquisa realizadas pelas universidade públicas e sua relevância para a sociedade.

EC – A senhora falou que a universidade pública estava perdendo os seus recursos humanos. Qual o risco que isso representa? Estes profissionais estão migrando para a universidade privada?

WP – A universidade passou por muitas crises e com certeza superará esta também. Nós, da comunidade universitária, estamos trabalhando nesta direção, mas estamos perdendo muitos dos nossos recursos humanos com os processos de aposentadoria.

EC – Somente pelo processo de aposentadoria?

WP – Alguns. Mais recentemente, vários pedidos de exoneração e pelo não comparecimento de pessoas quando abrimos concursos. Isto está muito vinculado aos baixos salários e não à desqualificação da universidade. A universidade pública ainda é o lugar onde as pessoas querem trabalhar e estudar.

EC – Na sua avaliação a escola privada tem condições de suprir o papel da escola pública?

WP – Olha, eu acho que não se trata da substituição de uma por outra. Numa sociedade plural como a nossa, existe espaço para a existência de escolas dos mais diferentes tipos, públicas, privadas, comunitárias. Na minha avaliação, o sistema de educação público deve ser exemplar e a referência na constituição do sistema. E aí estou falando, de um modo especial, nas universidades.

EC – Os professores da UFRGS estão em greve há mais de 60 dias. A senhora tem acompanhado as negociações? O que está em jogo além da questão salarial?

WP – Nós reitores estamos fazendo todo o possível, dentro do que nos compete. Entendemos que muitas das razões que levaram à greve são de caráter institucional e atingem a instituição. Temos a obrigação de estar atentos e darmos a nossa contribuição. Por isso, estamos fazendo todos os esforços para que haja um entendimento entre aqueles que devem negociar. Ou seja, os sindicatos e o governo. Está em jogo a construção e a reconstrução desta universidade do futuro e o futuro da universidade, como eu falava antes. Hoje, uma das questões em discussão é a autonomia universitária, incluindo o modelo de financiamento da universidade e o modelo de gestão.

EC – Apóia a greve dos professores?

WP – O Conselho Universitário, o qual presido, aprovou, por unanimidade, uma moção de apoio às causas que levaram a greve. Agora, como reitora, eu não sou grevista.

EC – Como avalias o apoio dos alunos aos professores em greve?

WP – Por tratar de questões institucionais, além de questões sindicais, a greve motivou os alunos para uma preocupação com a sua instituição. Uma preocupação que vai além do seu curso e além da busca de seu diploma. Motivou uma discussão sobre o papel que esta instituição tem na sociedade. Sobre este aspecto acho que foi bastante produtivo. Há uma energia, uma motivação, um interesse que nós professores, técnicos-administrativos, estudantes e administração como tal, precisamos canalizar para as discussões das grandes questões da vida da universidade.

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