GERAL

Livreira por vocação

Stella Máris Valenzuella / Publicado em 30 de agosto de 1998

ejane Pivetta de Oliveira encontrou na literatura um jeito de entender a experiência humana e de se autocompreender. Professora e livreira, ela vê o mundo pela lente da literatura. O gosto pelas letras brotou em tenra idade, quando lhe encantava ouvir estórias infantis. Lá pelos 9 anos – quando morava em Rio Pardo – descobriu na biblioteca da Escola Polivalente, Os Contos das 1001 Noites. “Os livros tinham formato grande e capa dura”, recorda, destacando a influência de uma boa biblioteca na vida dos alunos.

As aulas de português e literatura sempre a seduziram. E os recitais de poesia, no 2? grau, deixaram boas recordações. Rejane se sentia fascinada pelo ritmo dos poemas de Olavo Bilac e Gonçalves Dias. Hoje, com 32 anos, ela reparte seu tempo entre a pesquisa – que realiza na Unisinos, sobre a relação entre o cinema e a literatura, vinculada à semiótica e suas atribuições como sócia-proprietária da livraria Bamboletras. “A relação sintonizada entre o trabalho e a vida, propicia a realização como ser humano”, sentencia.

A trajetória literária de Rejane foi linear. Na graduação cursou Letras, na Univale, em Cachoeira do Sul, cidade onde nasceu. Fez mestrado e doutorado em Teoria da Literatura, na PUC, em Porto Alegre. No mestrado foi colega da jornalista Maria de Lourdes Vilella, com quem lapidou uma sólida amizade. A paixão pelo universo de obras infantis impulsionou as amigas a abrir, em 1995 a livraria – Bamboletras, na época instalada na Rua da República, em Porto Alegre e direcionada, exclusivamente para crianças.

Mas como quem compra livros para os baixinhos são os adultos, as livreiras foram levadas a ampliar a abrangência do empreendimento para atender os desejos dos tios, pais, avós e amigos. A partir de então, a livraria se firmou com um novo perfil voltado às artes, ensaios, clássicos da literatura, porém manteve o espaço privilegiado da literatura infantil. E, em dezembro de 96, a loja foi transferida para o Centro Comercial Nova Olaria, na Cidade Baixa.

Rejane lecionou na Universidade de Santa Cruz, na Ritter dos Reis e pretende continuar se ocupando com literatura, ou melhor com a boa literatura – que interpreta o mundo por um ângulo que ainda não havia pensado.

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