GERAL

Ponto pra eles

Publicado em 25 de agosto de 1999

Deu o que falar. A Marcha dos Sem, que cruzou boa parte da cidade no dia 23 de julho reivindicando coisas justas (leia matéria da página 4), fez uma paradinha estratégica na frente do prédio da Zero Hora, em Porto Alegre, para protestar contra as posições políticas da empresa. Até aí tudo bem. A liberdade de expressão é uma realidade. O problema é que um grupo de manifestantes decidiu marcar com mais ênfase o protesto e cobriu o prédio do jornal com adesivos. A frase – nada simpática, aliás – acusava a empresa de mentir em seus noticiários.

Bate boca

O que se seguiu foi um festival de acusações de parte a parte. A RBS taxou os manifestantes de fascistas e anti-democráticos. E calou. A CUT, organizadora do protesto, saiu em defesa de seus filiados dizendo que o ato foi legítimo. Mas entre os que condenaram o ato publicamente estão parlamentares petistas, comunistas e socialistas, além de jornalistas e representantes de classe. “Fascista é repetir uma mentira tantas vezes até que ela seja considerada verdade”, atacou Francisco Vicente (presidente da CUT estadual), lembrando uma frase célebre do chefe do serviço de comunicação de Hitler, o marechal Goebels. No último dia 4 de agosto, a Coordenação Unitária da marcha divulgou nota em que repudia a crítica ao protesto, especialmente no que se refere à opinião dos políticos identificados com os partidos populares. “Este fato demonstra que há quem prefira subir, sob os holofotes inimigos, pisando nos aliados”, termina a nota. O texto foi redigido e enviado aos jornais em papel timbrado da CUT. No mesmo dia, os parlamentares em questão (o deputado Marcos Rolim e os vereadores Hélio Corbelini e Lauro Hagemann) responderam à nota. “Os anônimos autores do repúdio não são apenas contra a liberdade de imprensa (…) mas são contra também a liberdade de expressão daqueles que divergem de seus propósitos”, dizem.

Saudades…

De concreto mesmo no episódio, ficou a posição extremamente cômoda da RBS. Ela recebeu a solidariedade de vários setores sociais, explorou o fato politicamente e, de quebra, ainda causou (mais) uma quizumba no movimento social com as já enfadonhas trocas de acusações entre setores divergentes. Só faltou algum gênio justificar ações desse tipo repetindo um dos bordões preferidos da ditadura, “liberdade (de imprensa) sim, mas com responsabilidade”. Ponto pra eles…

Educação Infantil

Estão abertas as inscrições para o IV Encontro Estadual de Educação Infantil, promovido pelo Sinpro/RS. Sob o título Educação Infantil, rupturas, desafios perpesctivas, o seminário será realizado no Colégio Rosário, em Porto Alegre, nos dias 10 e 11 de setembro. As inscrições podem ser feitas na sede estadual do Sinpro/RS (Avenida João Pessoa, 919, fone 51.211-1900) ou nas Delegacias Regionais do sindicato. As vagas são limitadas e aos participantes serão fornecidos certificados. O valor da inscrição para sócios do Sinpro/RS é R$ Para os demais, R$ 18. O encontro contará com os painéis A regulamentação da educação infantil pelos Conselhos de Educação(tema que será abordado pela professora Antonieta Beatriz Mariante, relatora da Resolução 246/99 do Conselho Estadual de Educação, e pela professora Maria Otília Kroeff Suzin, vice-presidente do Conselho Municipal de Educação de Porto Alegre), Para onde rumamos com nossas crianças (Ricardo Balestreri, psicopedagogo clínico e presidente de honra da Seção Brasileira da Anistia Internacional) e O cotidiano da escola infantil: projetos possíveis e necessários (Ana Isabel Lima Ramos, pedagoga, especialista em Educação Infantil). Já as oficinas abordarão: poesia e a criatividade: a palavra, o jogo e a aprendizagem; Bruxas e Fadas: feitiço e magia na literatura; Brincando, brincando, se aprende; Jogar e compreender: o espaço lúdico na aprendizagem e O professor como sujeito sensível na relação de ensino-aprendizagem.

Matemática

Alguém explica? Com o último aumento, o preço dos combustíveis já subiu mais de 60% só este ano no país, isto que estamos ainda a cinco meses do terceiro milênio. Já a inflação, aquela que altera os preços nos supermercados, calculada pela Fundação Getúlio Vargas nem chegou aos 10%. Das duas uma: ou estão maquiando os índices de reajuste de preços (gasolina e diesel, como se sabe, puxam aumentos em série) ou alguém anda ganhando dinheiro com os aumentos de combustíveis. O presidente da Agência Nacional do Petróleo, David Zilbernstei, chegou a dizer que a gasolina barata só beneficia os mais ricos. De novo: alguém explica?

Endereço

A Delegacia de Canoas está em novo endereço. Instalou-se na rua 15 de janeiro, 121, sala 605, no Centro da cidade.

Três letras

Enquanto o preço internacional do petróleo só caía no mercado externo, os combustíveis brasileiros viviam uma curiosa estabilidade de preços por aqui. Agora que o petróleo voltou a subir lá fora, os preços aqui acompanham. A explicação para isso tem apenas três letras: FMI

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