A região Sul, que corresponde a 15% da produção de energia, escapou do castigo porque aqui os reservatórios estão com 80% da capacidade, e nosso período de chuvas mais intensas está iniciando. No momento, os três estados do Sul estão transferindo 1900 megawatts para o Sudeste. Nossa contribuição inclui ainda ceder a cota de 1800 megawatts que, em condições normais, é a parte que nos cabe da produção de Itaipu. Tal atitude altruísta, no entanto, poderá se modificar caso haja risco de escassez. Os técnicos, a princípio, descartam a hipótese. Só entraríamos no racionamento em caso de seca avassaladora nos próximos meses, o que não é provável. Ao contrário, a previsão é de que o resto de 2001 será chuvoso.
Por via das dúvidas, os três governos do Sul tentam acelerar o cronograma de obras do setor. No Rio Grande, a hidrelétrica de Machadinho, na divisa com Santa Catarina, com capacidade para 1140 megawatts, deverá entrar em operação ainda em 2001, e não no próximo ano, como estava previsto. A unidade conversora de Garabi, que importa energia da Argentina, terá sua capacidade ampliada em 1100 megawatts até 2002. Pequenas usinas termelétricas serão ativadas, como a de Joinville, em Santa Catarina, e a de Araucária, no Paraná. No total, a região ganhará um acréscimo de 3314 megawatts. O governo gaúcho tenta ainda convencer a população a economizar voluntariamente 7% de energia e promete gastar menos 20% para dar o exemplo. “Não dá para ficar de braços cruzados e pôr a culpa em São Pedro, como fez o governo federal”, afirma Ronaldo Custódio, do comitê de política energética do governo gaúcho.