GERAL

Páscoa em polvorosa

Publicado em 13 de abril de 2002

Sabe-se que os palestinos estão longe da santidade, mas o Estado de Israel, com a truculência que lhe é característica, colocou o cenário dos conflitos em literal polvorosa no feriado da Páscoa. De um lado os terroristas explodindo a população inocente e outro as imagens chocantes dos tanques derrubando as paredes de Arafat. Se fosse em qualquer republiqueta, as grandes nações ricas (leia-se EUA e União Européia) já teriam motivos suficientes para uma intervenção de paz da ONU, mas se trata de Israel. Os europeus tem complexo de culpa por grande parte dos países terem perseguido os judeus e a outra parte, como a Inglaterra, contribuiu diretamente para a criação do Estado de Israel e ocupação dos territórios palestinos ao lado dos EUA. Ou seja, existe um problema que não pode ser analisado sem que sua história seja revista e as responsabilidades sejam assumidas. Todos tem culpa no cartório. Enquanto isso, os palestinos desalojados de suas terras as querem de volta, mas o tempo vai passando e a situação de ocupação se cristalizando, inclusive culturalmente. Daqui a alguns anos, seria como o Uruguai reclamar a metade do estado do Rio Grande do Sul que lhe pertence. A diferença é que no caso do Uruguai e Brasil houve um tratado. Na Palestina foi na marra. Vira e mexe a força bruta se sobrepõe a leis, tratados e convenções. Enquanto não existirem instâncias jurídicas internacionais que possam mediar as diferenças e os conflitos, todos estaremos em perigo. Só esperamos que novos episódios como dos massacres de Sabra e Chatila, em que o exército israelense aniquilou mulheres e crianças, não se repitam.

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