“Um representante da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) informa que nesse momento, por exemplo, soldados israelenses confinaram um amigo seu, de médio escalão da OLP, em um pequeno quarto, com toda a família, sem luz ou água. O detalhe é que o rapaz acabou de sofrer um derrame vascular cerebral, e se não tiver o medicamento apropriado deverá morrer em breve. Estão sendo feitas gestões desesperadas junto à Cruz Vermelha, mas as chances parecem ser muito pequenas”. Este relato do jornalista José Arbex Jr. e Paulo Suess, que integram a delegação do Fórum Social Mundial e da Via Campesina.
A delegação estava em Jerusalém enquanto chegavam notícias aterradoras do massacre de palestinos em Jenin, com aproximadamente 500 civis mortos. Do lado israelense, o horror era numericamente menor, mas a cortina do medo tremula a cada novo atentado suicida. Qual será a próxima cidade? Contam-se 14 mortos num restaurante na cidade portuária de Haifa, 22 em Netânia, nove nos arredores de Jerusalém, seis ao norte do país. Mas esses atentados jogam a população israelense sob um estado de medo permanente. É a pior prisão (Jean Paul Sartre dizia: “Ser livre é não Ter medo”).
São populações situadas numa faixa entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão, entre o Egito, a Jordânia e o Líbano. São mais de três milhões de palestinos e mais de cinco milhões de judeus. Entre eles, grandes diferenças sociais. O salário médio de Israel de US$ 1,5 mil, quase cinco vezes a média Palestina, onde o desemprego atinge 38% da população contra 9% em Israel. A Palestina luta por formar um Estado, Israel expande seus domínios pelos territórios ocupados. Mas ninguém vive em paz nessas terras.
Curiosamente, Jerusalém é considerada a cidade sagrada de três religiões – judaísmo, cristianismo e o islamismo. Mas isso não harmoniza os espíritos. Ao contrário. “Seu controle sempre foi, é e será fonte de permanentes conflitos”, afirma Antônio Celso Pereira. É apenas mais um estopim na terra santa, onde as bombas não param.