Após mais uma ofensiva publicitária das entidades médicas contra a implantação do curso de Medicina pleiteado pela Unisc junto ao MEC, o saldo positivo parece ser mesmo da Universidade. Poucos dias antes do Natal uma comissão do Conselho Nacional de Educação (CNE) esteve na Unisc e deu indicativos de ter gostado do que viu. A Reitoria da Universidade está confiante de que até fevereiro já terá uma decisão final do MEC para que possa agendar o vestibular em separado para o curso de Medicina, que ficou de fora do concurso deste verão. “Essa oposição das entidades médicas é corporativa, um pensamento pequeno”, alfineta o reitor da Unisc, Luis Augusto Campis. Para ele, as entidades sequer refletem a posição de grande parte da categoria e estaria em contradição com a opinião pública. Em recente pesquisa de opinião feita na região de Santa Cruz do Sul, mais de 80% da população apóia o surgimento de mais uma Universidade de Medicina no Estado. A posição do reitor é lastreada pelo fato de que nos últimos 20 anos, segundo ele, a média de formandos se manteve estável, ao contrário da população que cresceu. Além disso, muitos estudantes gaúchos estariam procurando cursos de Medicina oferecidos por instituições sediadas em Santa Catarina, próximo à fronteira com o Estado. “Do ponto de vista legal e técnico, a Unisc cumpre todos os requisitos exigidos; isso é o que importa, pois a questão da qualidade é que deve pautar o debate e não interesses menores”, conclui Campis.
Operação Toga – O juiz Paulo Moacir Aguiar Viei-ra, da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do RS, justificou a concessão de habeas corpus ao reitor afastado da Unicruz, Evandro Kruel, que estava com prisão preventiva decretada, argumentando que ele é réu primário, tem residência fixa e sua liberdade não oferece risco às investigações. Mas, ao negar um recurso do reitor para suspender as investigações do Ministério Público na Universidade, o presidente da 5a Câmara Cível do TJ, Leo Lima, já havia reconhecido que Kruel, nos três dias em que reassumiu a Reitoria por força de uma liminar, teria destruído provas e coagido uma testemunha.
Quebra de isonomia sem amparo legal – A 4ª Vara do Trabalho de Porto Alegre julgou procedente a ação impetrada pelo Sinpro/RS reivindicando a volta do valor da hora-aula dos professores da Educação Infantil da Escola Santa Cecília – Colégio Vicentino, em Porto Alegre, que foi reduzida e acompanhada da demissão dos professores e admissão de outros. A escola havia demitido todos os professores de um nível e admitiu outros com a intenção de reduzir o valor da hora-aula, medida que não possui amparo judicial. Na sentença, a juíza do Trabalho, Maria Teresa Vieira da Silva, ordena que a escola pague integralmente aos professores representados pelo Sindicato as diferenças salariais decorrentes da medida, FGTS, multa pelo descumprimento de obrigação de pagar 5% sobre o montante das diferenças salariais deferidas, juros e correção monetária, e provimentos quanto às contribuições previdenciárias e fiscais.
O ex-líder cocaleiro Evo Morales Ayma, que venceu as eleições presidenciais na Bolívia, em 18 de dezembro, com mais de 51% dos votos e quase metade das cadeiras do Parlamento, converteu-se em símbolo da resistência indígena e popular diante das pressões dos EUA para dominar a política e a economia bolivianas. Em entrevista ao Extra Classe de abril de 2002, ele preconizava obstáculos caso chegasse à presidência. Confira trechos abaixo e a íntegra da entrevista em:
www.sinprors.org.br/extraclasse/abr04/entrevista.asp
Extra Classe – Acusam-lhe de querer impor uma ditadura narcoterrorista. Isso procede?
Evo Morales – Sim, claro, mas quem o faz? Quando se faz uma acusação deste tipo há que se ter em conta quem a lança. Me acusaram de tudo: de receber dinheiro das FARC colombianas, da Líbia…, só lhes falta me acusarem de esconder as armas químicas de Saddam Hussein…, porém nunca apresentam provas. Além do mais, sempre falam de mim como o “líder cocaleiro”, sem se recordarem de que sou deputado, represento mais de meio milhão de bolivianos e de que, se as eleições fossem hoje, ganharíamos com mais de 50% dos votos. Querem me anular, mas não entendem que minha força provém, na realidade, do povo. É o povo quem delibera, e eu quem obedece.
EC – Que tipo de dificuldade o senhor prospecta que enfrentará na hipótese de se tornar presidente?
Morales – Com certeza, são muitos os obstáculos que vamos encontrando. Por exemplo, é necessário que nos preparemos para resistir a um golpe de Estado. Tenho convicção de que há uma parte da sociedade, muito pequena, mas muito influente, que não aceitará nosso triunfo nas eleições municipais de dezembro, e muito menos nas eleições presidenciais. Se as ganharmos, temo que possa haver um golpe de Estado impulsionado desde os Estados Unidos. Se isso chegar a acontecer, a sociedade tem que dar uma resposta nas ruas para que não paire dúvidas a respeito do nosso compromisso com a democracia.