GERAL

O futuro é outro

Cúpula dos Povos rejeita a economia verde aprovada como importante instrumento para o desenvolvimento sustentável
Por Roberto Villar Belmonte / Publicado em 10 de julho de 2012
Manifestação contra barramento dos rios, no dia 19 de junho na Praia do Flamengo, no Rio, por cerca de 1,5 mil participantes da Cúpula dos Povos, entre eles índios da Amazônia afetados pela construção de hidroelétricas

Foto: ©Spectral Q/Chico/Paulo/divulgação

Manifestação contra barramento dos rios, no dia 19 de junho na Praia do Flamengo, no Rio, por cerca de 1,5 mil participantes da Cúpula dos Povos, entre eles índios da Amazônia afetados pela construção de hidroelétricas

Foto: ©Spectral Q/Chico/Paulo/divulgação

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que reuniu no Rio de Janeiro representantes de 191 países entre 20 e 22 de junho, produziu uma declaração final considerada fraca, sem ambição, sem mudanças substanciais que pudessem justificar seu título, O Futuro que Queremos. A economia verde, um dos temas centrais da negociação, ficou sem definição, por falta de acordo. Mas passou a fazer parte da agenda internacional “como um dos instrumentos mais importantes disponíveis para alcançar o desenvolvimento sustentável”.

Já na Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, evento paralelo à Rio+20 realizado no Aterro do Flamengo entre 15 e 22 de junho por movimentos sociais e organizações da sociedade civil, por onde circularam mais de 300 mil pessoas, de diversos países, a economia verde foi denunciada e rejeitada em todas as assembleias, plenárias e marchas que pararam o centro do Rio de Janeiro, e também em boa parte das cerca de 800 atividades autogestionadas realizadas em tendas armadas ao longo do parque, um cartão postal com a assinatura de Burle Marx.

“A dita ‘economia verde’ é uma das expressões da atual fase financeira do capitalismo que também se utiliza de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento público-privado, o superestímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros”, denuncia a declaração final da Cúpula dos Povos, considerada por muitos ambientalistas tão genérica como o documento apresentado pela ONU.

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