Daiani Cerezer/CUT-RS/divulgação
Daiani Cerezer/CUT-RS/divulgação
As razões do Dia Nacional de Lutas
– O dia 11 foi consequência de uma pauta encaminhada para Governo e Congresso, em 6 de março, em Brasília, pelas centrais sindicais reivindicando: redução da jornada de trabalho para 40 horas; fim do fator previdenciário; oposição ao PL 4330 (das terceirizações); investimentos no transporte público; 10% do PIB para saúde e 10% do PIB e royalties do petróleo para educação; a reforma agrária; a valorização das aposentadorias; democratização das comunicações e uma profunda reforma política. Esta pauta ficou engavetada e isso é que levou os trabalhadores para as ruas no dia 11.
Lula dialogava mais que Dilma
– Ele escutava mais as Centrais e a totalidade dos movimentos sociais. Sem falar no carisma dele, que muitas vezes até não resolvia os problemas, mas ao menos recebia e dava algum encaminhamento e consequências para as demandas. A presidente Dilma tem outro perfil, mais internista. Temos muitas críticas a essa postura. Em que pese ser verdadeiro o argumento de que é preciso blindar o país contra a crise mundial, não justifica não receber os movimentos sociais.
Sindicatos invisíveis e mídia comprometida
– Quem acompanhou pelos veículos de comunicação e leu jornais do RS no dia 7 de março teve a sensação de que não houve nada em Brasília no dia 6, quando 60 mil trabalhadores lá estiveram numa grande marcha unificada das centrais sindicais entregando uma pauta de reivindicações. É como se o dia 6 de março não tivesse existido. Quando começaram as lutas de rua, a CUT esteve junto porque tinha pauta e coordenação, especialmente em Porto Alegre com o Bloco de Lutas, com a questão do transporte público.
A zebra e o bloco na rua
– O gestor público sempre joga o reajuste das tarifas para as férias escolares de verão, mas neste ano, em Porto Alegre, deu zebra. Os rodoviários se rebelaram com a comprovação, por meio de estudo do Dieese, de que o reajuste salarial estava 40% menos que o das tarifas nos últimos dez anos. O Ministério Público de Contas recalculou e disse que a tarifa justa seria R$ 2,60. Isso insuflou a juventude, que foi às ruas, criando-se uma condição de fazer luta social, o que inspirou o Brasil.
De baderneiros a salvadores da pátria
– Inicialmente a impensa tratou esses movimentos como baderna, sempre desqualificando, até que percebeu, em junho passado, uma oportunidade de provocar desgaste nos governos e passaram a promover a pauta da corrupção. Soma-se a isso as contradições da Copa das Confederações com seus grandes investimentos em contraponto à falta de investimento em estrutura para atender a população beneficiada pelas políticas públicas de valorização do salário mínimo nacional, transferência de renda e 18 milhões de novos postos de trabalho.
Distribuição de renda e desenvolvimento
– A ampliação da distribuição de renda pode significar a garantia de um novo ciclo de desenvolvimento ao Brasil. E é isso que está em disputa nesse momento. Quem são os adversários da nossa pauta? É a elite brasileira, que está acostumada a ganhar muito e não dividir os resultados.
Aprofundamento das mudanças
– O governo Dilma é um governo estagnado no que ser refere a aprofundar as mudanças. Os grandes movimentos de rua, mesmo que em alguns momentos tenham sido coordenados pela elite e influenciados pelos meios de comunicação aqui e ali, eles não pediram “fora isso” ou “fora aquilo” ou “basta”. Pediram mais saúde, mais educação. Só que no momento em que forem aprofundadas as mudanças, alguém vai começar a perder. Ninguém perdeu nos governos Dilma e Lula. O projeto atual não ameaçou os lucros da elite. Hoje, 47% do PIB é comprometido com o pagamento de juros e amortizações das dívidas, que são apropriadas por umas 500 famílias no Brasil. Embora a gente reconheça que os trabalhadores conquistaram mais neste governo, mas ainda é muito pouco.