Os 30 estudantes do curso de Arquivologia da Faculdade de Comunicação da Ufrgs foram surpreendidos com o cancelamento, por falta de segurança, de uma aula prática que ocorreria na noite de 28 de setembro nas dependências do Memorial do Rio Grande do Sul, na praça da Alfândega. A utilização do espaço nas noites de terças e quintas para que os estudantes adquiram experiência na organização e catalogação de documentos históricos é resultado de um convênio firmado há quatro anos entre o Memorial e a Universidade. Naquele dia expirava o contrato de terceirização da vigilância dos espaços administrados pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) e, devido a um remanejo de última hora, alguns equipamentos tiveram que fechar as portas por falta de vigilância.
No Memorial, servidores se revezaram na vigia noturna às portas e janelas do prédio, algumas deterioradas pela ferrugem e sem lastros. O alerta para prevenir saques faz sentido. O espaço abriga mais de 12 milhões de documentos do Arquivo Histórico do RS, o principal acervo do estado em se tratando de temas políticos, migratórios e conflitos, pois contém documentação do século 18 ao século 20. Ali estão preservados ainda acervos de diversas instituições na exposição O dia a dia na Guerra Civil Farroupilha: sobrevivências, que incluem relíquias como o pala de Giuseppe Garibaldi, a lança de Bento Gonçalves, que pertence ao Museu Júlio de Castilhos; a Carta de Porongos, do Arquivo Histórico do RS, entre outros acervos do IHGBRS, do Museu de História da Medicina, Museu de Comunicação Hipólito da Costa; e outros documentos e livros seculares.
A crise envolvendo a vigilância das instituições da Sedac se arrasta desde o início do ano. No dia 22, o Fórum de Defesa das Instituições Públicas de Memória condenou, em nota o remanejo de seguranças, que qualificou como “medida ineficaz e irresponsável”. A Sedac informou que com o fim do contrato, foi feito um aditivo para manter o serviço. O gasto atual da secretaria com vigilância é superior a R$ 400 mil/mês. No aditivo foi definida uma redução de R$ 100 mil por meio da redistribuição dos postos de vigilância. Com o remanejo, o Margs cedeu um dos vigilantes noturnos ao Memorial. Os cortes de vigilância e limpeza também atingiram a Biblioteca Pública, o Museu Julio de Castilhos e Hipólito José da Costa e o Museu do Carvão.
Pizza ao molho Carandiru
É curioso que o massacre do Carandiru, episódio que trouxe Temer para o cenário nacional, em 1992, ao se tornar Secretário de Segurança de SP, escalado para limpar o sangue dos 111 executados durante o governo de Antonio Fleury Filho, volte aos noticiários na forma de uma grande pizza. “Os PMs do Carandiru merecem repouso e meditação”, disse Temer na época. Será que a influência do presidente está servindo para terminar o trabalho de limpar a cena do crime cometido pelos representantes do Estado?
Moro, o astro pop
O palco do Teatro Feevale, em Novo Hamburgo, que recebe duplas sertanejas, peças de teatro de atores globais, palhaços, comediantes, entre outras atrações, foi palanque do juiz federal Sérgio Moro, o paladino da Justiça favorito dos cidadãos de bem. No dia 21 de setembro, com bilheteria esgotada com ingressos entre R$ 60,00 e R$ 90,00, lotou os 1,8 mil lugares da casa. Mas o carrasco dos petistas na Operação Lava-Jato, que fez curso no departamento de Estado dos EUA e que o especializou em quebra sigilos bancários até mesmo em paraísos fiscais, mantém um mistério a sete chaves. Ninguém da produção revela se recebeu ou quanto foi seu cachê. O assunto é segredo de Estado na República de Curitiba.