GERAL

Greve Geral teve destaque na imprensa estrangeira

Publicado em 11 de maio de 2017

A mídia do país se empenhou ao máximo para esvaziar a greve de 28 de abril contra as reformas trabalhista e previdenciária do governo. O Jornal Nacional, principal telejornal da Rede Globo, na noite de quinta-feira omitiu a preparação do que as centrais sindicais avaliavam como a maior Greve Geral dos últimos 30 anos. E, na cobertura, evitou o termo “greve”, qualificando-a como manifestação e aos militantes como “baderneiros”. Sem entrar em detalhes sobre as reformas, procurou blindar Temer. Já veículos internacionais como o New York Times, The Guardian, Washington Post, Wall Street Journal, Al-Jazeera, Telesur e Reuters destacaram as mobilizações contra as reformas da Previdência e trabalhista. O NYT destacou os protestos nas ruas de todo o país e a insatisfação popular contra as reformas de Temer. Ao enfatizar que as paralisações ocorreram em todas as principais cidades do Brasil, ressaltou que Temer terá dificuldades para aprovar as mudanças. Para o The Guardian, a greve é a maior em décadas e com abrangência em inúmeras categorias, como professores, motoristas, agentes de saúde, petroleiros e servidores públicos. A paralisação no transporte público e as manifestações foram destaque da cobertura da agência AP reproduzida pelo Washington Post. A agência Reuters também destacou que a paralisação foi a maior das últimas décadas e relacionou as grandes empresas que tiveram atividades paralisadas, como a Toyota, General Motors, Ford, Mercedes-Benz e Petrobras. O Wall Street afirmou que as mobilizações podem fazer o governo voltar atrás com as reformas e ressaltou que o sistema de transporte não operou em diversas cidades do país. Para o canal Al-Jazeera, a greve foi mais intensa em São Paulo e teve grande impacto na economia.

Pregão
Gilberto Dorigon (PMDB), prefeito de Angelina, município catarinense de 5 mil habitantes a 70 quilômetros de Florianópolis, resolveu radicalizar na forma de contratação de professores, possivelmente entusiasmado com as reformas e o viés privatizante e de precarização das relações de trabalho adotados pelo correligionário que está na presidência do país. Dorigon mandou apregoar um edital para licitação, pelo menor preço, de serviços de instrutor de atividades físicas para a Escola Municipal Ermelinda Pereira, na localidade de Rio Novo. A licitação estabelece que a remuneração não deve ser maior que R$ 1,2 mil mensais por 20 horas semanais e somente estarão habilitados professores licenciados ou cursando Educação Física.

Tempos de exceção
A violência policial na repressão a manifestantes durante a Greve Geral de 28 de abril, que teve a adesão de 40 milhões de trabalhadores em todo o país, produziu todo o tipo de brutalidade, farto emprego de bombas de gás, e ações arbitrárias típicas de regimes de exceção. Três militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foram convertidos em presos políticos pela ação de um delegado e ratificada por uma juíza.

Presos políticos
As prisões ocorreram em Itaquera, zona leste da capital paulista. Juraci Alves dos Santos, Luciano Antônio Firmino e Ricardo Rodrigues dos Santos foram acusados de incitação ao crime, tentativa de incêndio de pneus e explosão de rojões e tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva, em decisão judicial no sábado, 29, tendo como principal prova o testemunho de policiais militares. Em uma decisão absurda, a juíza Marcela Filus Coelho, do plantão criminal do TJ de São Paulo, entendeu que a participação dos militantes na greve seria reveladora “da audácia e periculosidade dos agentes e de sua personalidade desajustada ao convívio da sociedade, impondo-se a custódia provisória dos indiciados para garantir a ordem pública”. Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST, afirmou que eles são “presos políticos da Greve Geral”. “Utilizar a defesa da ordem pública para manter opositores presos é próprio das ditaduras e dos regimes de exceção. Isso é inadmissível”. Segundo ele, o ato em Itaquera era pacífico até que policiais começaram a lançar bombas nos manifestantes.

Bomba no palco
No Rio, a PM disparou uma bomba de gás lacrimogêneo contra um palco montado na Cinelândia no exato momento em que o deputado estadual Flavio Serafini (Psol) pedia aos agentes que não fossem violentos e não lançassem mais bombas, enquanto a multidão, que participava do ato da Greve Geral, se dispersava. “É importante que todos vejam a forma arbitrária como a tropa de choque agiu. Pedíamos paz e fomos alvejados”, protestou Serafini.

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