Foto: Marcelo Camargo/ABr
O banqueiro Henrique Meirelles comandou a holding J&F, dona do frigorífico JBS, de 2012 a 2016 e recebia como presidente do grupo R$ 3 milhões mensais, remuneração da qual abriu mão para ganhar R$ 30 mil como ministro da Fazenda do governo de Michel Temer (PMDB). O nome de Meirelles, no entanto, não aparece nos desdobramentos da delação premiada do empresário Joesley Batista, dono da JBS. Em delação à Procuradoria Geral da República (PGR), Batista gravou uma conversa de Temer em que este fala em “comprar o silêncio” do deputado cassado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A delação, que atingiu o senador Aécio Neves (PSDB-MG), acusado de achacar R$ 2 milhões do empresário, colocou Temer na mira da Lava Jato, porque os crimes dos quais ele é acusado teriam ocorrido na vigência do mandato de presidente, em março deste ano. O relator da Operação no STF, ministro Edson Fachin, autorizou a abertura de inquérito para investigar Temer pelos crimes de corrupção passiva, obstrução à investigação de organização criminosa e participação em organização criminosa. Temer também foi mencionado em inquérito que envolve dois de seus ministros: Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). “Há fortes elementos que indicam a prática de crimes graves, consistente na solicitação por Eliseu Padilha e Moreira Franco de recursos ilícitos em nome do PMDB e de Michel Temer, a pretexto de campanhas eleitorais”, anotou Fachin.
Greve Geral
Após as manifestações do Ocupa Brasília, na capital federal, e pelas Diretas, no Rio, as centrais sindicais e movimentos sociais organizam uma Greve Geral a ser realizada entre os dias 26 e 30 de junho, período que deve coincidir com a votação da reforma da Previdência no Congresso. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais sindicais promoveram reuniões nos dias 29 de maio e 5 de junho para avaliação das manifestações e organização do calendário da greve, contra as reformas trabalhista e previdenciária e pela renúncia do presidente Michel Temer (PMDB). De acordo com o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, a paralisação terá o acréscimo do embate pelas Diretas Já. “Todas as nossas pautas, incluindo as reformas, tratam da democracia, porque democracia pressupõe igualdade de condições e tanto os ataques à aposentadoria quanto o roubo dos direitos trabalhistas desequilibram as relações entre os mais ricos e os mais pobres, patrões e trabalhadores. Acreditamos que essa ideia está chegando à sociedade e o primeiro passo é impedir que o povo seja excluído da escolha sobre quem comandará o país. Portanto, o primeiro passo é Diretas Já!”, ressaltou.
Chacinas impunes
A Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou o Estado brasileiro pela falta de investigação e de punição dos responsáveis por 26 mortes em operações policiais nas duas chacinas de Nova Brasília, ocorridas em 1994 e 1995, no Rio de Janeiro. Na sentença, concluída no dia 16 de fevereiro na Costa Rica, a Corte determina que o Brasil acelere e conduza de modo eficaz o processo da chacina ocorrida em outubro de 1994, que resultou em 13 execuções após a operação comandada pela Polícia Civil em busca de carros roubados, armas e drogas. Também determinou a reabertura das investigações da operação da Polícia Civil de maio de 1995 que resultou na morte de outras 13 pessoas – os corpos foram retirados da favela no carro que levava o lixo, antes da realização da perícia. Ambos os casos foram registrados pelos policiais como autos de resistência.
Massacres no campo
Dez agricultores – nove homens e uma mulher – foram assassinados na manhã de 24 de maio durante uma ação das polícias Civil e Militar para reintegração de posse em um acampamento na Fazenda Santa Lúcia, no município de Pau d’Arco, no Pará. A Pastoral da Terra (CPT) denunciou que os corpos foram removidos do local do crime antes da chegada da perícia. Em abril, nove trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados por um grupo de homens encapuzados em uma chacina em Colniza, em Mato Grosso. De acordo com a CPT, em 2016 foram registrados 61 assassinatos em conflitos no campo, o maior número desde o início do monitoramento da entidade, em 2003. Em 2017, o total de mortes no campo já chega a 36.