GERAL

A lenta agonia das emissoras públicas

Publicado em 12 de julho de 2017

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Servidores denunciam demissões, terceirizações e desvios de função na TVE e FM Cultura

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Os servidores da Fundação Piratini vivem, desde dezembro de 2016, a instabilidade criada pelo governo do Estado com a extinção de oito fundações, empresas e autarquias estatais, com demissão de 1,2 mil servidores. A pretexto de enxugar a máquina, o governo abre mão da pesquisa, da saúde e do patrimônio cultural. No caso da Fundação Piratini, mantenedora da TVE e da FM Cultura, a agonia das emissoras públicas é lenta e dolorosa.

A partir do dia 2 de julho, a programação da FM Cultura foi completamente desfigurada. Programas sobre música de diversos gêneros, produzidos com base em pesquisas e referenciais históricos e com criteriosa apresentação, foram substituídos por inócuas playlists com vinhetas. A reestruturação é acompanhada da troca da chefia da rádio. O radialista e músico Paulo Inchauspe substituiu a jornalista Sabrina Thomazi, que pediu demissão.

O governo justificou que “as mudanças foram motivadas por uma necessária readequação das atividades desenvolvidas pelos servidores, respeitando suas funções originais”. Os funcionários concursados contestam. O Movimento dos Servidores da TVE e FM Cultura publicou nota denunciando que a nova grade foi imposta pela direção e criticou as terceirizações e desvios de funções na emissora. “Os servidores se manifestaram contra as terceirizações de apresentadores e, inclusive, propuseram soluções para que o problema dos desvios de função fosse sanado sem os custos da contratação de terceirizados e sem que a programação da rádio fosse desfigurada”. Os servidores enfatizam que as alterações na estrutura e na programação da rádio e da TVE têm relação direta com  o projeto de extinção da Fundação Piratini: “o projeto para as emissoras públicas do RS é este: nada democrático, nada plural, nada público”. “O concurso de 2014 venceu no ano passado. Ao invés de renová-lo por mais dois anos, como foi pedido pelo Sindicato e pelos servidores para a presidência, o Estado optou por colocar mais e mais CCs na Fundação”, aponta Milton Simas, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS.

Brincando de prefeito
Depois de um autoelogio à administração postado por descuido na primeira pessoa, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr. (PSDB), protagonizou mais um episódio que causou constrangimento em sua página numa rede social. No dia 30 de junho, dia de greve geral, de indignação nacional e de frustração com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, que devolveu o mandato ao senador Aécio Neves, seu colega de partido, afastado e investigado na Lava Jato, Marchezan Jr. resolveu publicar um decreto fictício liberando os súditos para a “zoeira”, com uma advertência: “está decretado o final de semana (…) agora sim todos podem entrar oficialmente em greve (…) quem depreda, vandaliza, picha ou queima ônibus não é grevista, é criminoso”. O texto, que viralizou nas redes, segue desfiando uma série de gracejos sobre “comer bastante bacon”, “fugir da dieta” e trocadilhos sobre “partidos vermelhos” e “quadrilhas de São João”.

Flertando com o MBL
Mas por trás do prefeito jovial e brincalhão, que gosta de aparecer dançando “zumba” e “despacito” pelos bairros da Capital numa versão sem pulôver do seu colega paulistano e também tucano João Dória, Marchezan flerta com a truculência. Na semana anterior, o youtuber Arthur Moledo do Val, do canal reacionário “Mamãe, Falei” e membro do Movimento Brasil Livre (MBL), preso pela Brigada Militar por agredir servidores públicos durante um protesto no centro de Porto Alegre, foi recebido com festa pelo prefeito: “Fui abordado por esse ‘meliante’ na tarde desta quinta-feira. Ele portava uma câmera e uma série de perguntas. Será que me saí bem?”, gracejou. “Lamentável que o prefeito tenha se negado a receber o coletivo de ONGs que organiza a Parada Livre de Porto Alegre com a justificativa de que falta tempo e recebeu um youtuber que tem atuação extremamente agressiva com aquelas pessoas que não concordam com o que ele pensa. As prioridades são chocantes”, protestou Gabriel Galli, coordenador do grupo Somos – Comunicação, Saúde e Sexualidade.

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