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Quem matou Marielle Franco?

Publicado em 16 de outubro de 2018
Por seu ativismo em defesa dos direitos humanos e contra a violência, Marielle foi assassinada em março, no Rio

Foto: Midia Ninja/ Divulgação

Por seu ativismo em defesa dos direitos humanos e contra a violência, Marielle foi assassinada em março, no Rio

Foto: Midia Ninja/ Divulgação

Os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSol/RJ) e do motorista da parlamentar, Anderson Gomes, ocorridos no dia 14 de março deste ano, permanecem impunes, sem que a sociedade tenha acesso a qualquer informação sobre as investigações. Governo, Polícia Civil e o interventor da segurança pública no Rio, general Walter Braga Netto, silenciaram depois que o crime deixou de ser manchete nos meios de comunicação. Em 20 de março, jornalistas e radialistas da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), órgão público federal, fizeram uma manifestação contra a ordem de editores e gerentes para que reduzissem a cobertura sobre o assassinato.

Um mês depois da execução – no carro dirigido por Anderson estavam a vereadora e uma assessora que sobreviveu à rajada de submetralhadora disparada contra a janela lateral traseira pelo atirador que estava em outro veículo –, milicianos foram apontados como principais suspeitos, sem que ninguém tenha sido identificado como autor ou mandante. Em maio foi anunciado o suposto envolvimento do ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, já preso por pertencer à milícia no Rio, e do vereador Marcello Siciliano (PHS). Os dois negaram relação com os crimes e a investigação voltou à estaca-zero.

Em agosto, os deputados estaduais do MDB do Rio Edson Albertassi, Paulo Melo e o ex-presidente da Assembleia Legislativa Jorge Picciani foram associados ao crime, não pela polícia, mas pela imprensa, mas nada foi apurado. Diante dessas e de outras guinadas nos rumos das investigações, o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, afastou a equipe e anunciou que a promotora Letícia Emiliy estava assumindo o caso com apoio das estruturas do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MP.

Ativismo e punição

A ONU Brasil, por ocasião do #DiaLaranja pelo fim da violência contra as mulheres, destacou Marielle Franco pela atuação no Parlamento carioca em defesa dos direitos das mulheres, população negra, LGBT e populações faveladas. Eleita em 2017 com mais de 46 mil votos, a parlamentar, de 38 anos, tinha projetos de lei sobre creches, fim da violência em transporte público. Teve a sua vida e percurso político interrompidos pela violência política. “A violência contra as mulheres na política previne a participação e pune as que participam. Distorce representação e restringe o acesso à política de um grupo majoritário – as brasileiras são maioria da população e do eleitorado”, registraram Nadine Gasman e Flávia Biroli, representantes da ONU Mulheres Brasil.

Privatização da Eletrobras

O projeto do governo que viabiliza a privatização de seis distribuidoras de energia controladas pela Eletrobras já passou pelas principais comissões da Câmara e pode ser votado pelos deputados logo após o primeiro turno das eleições. Quatro empresas que pertenciam à estatal, que tem uma dívida de R$ 2 bilhões, já foram negociadas. A Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre), as Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) e a Boa Vista Energia, que atende Roraima, foram arrematadas em 30 de agosto em leilão promovido pelo BNDES. Em julho, foi vendida a Companhia de Energia do Piauí (Cepisa). Agora, o governo pretende vender a Amazonas Energia e a Companhia Energética de Alagoas (Ceal). O leilão da Ceal está suspenso por decisão do STF.

 

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