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Maioria usa WhatsApp como fonte de notícias

Em pesquisa realizada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, 79% dos entrevistados disseram que sempre recebem notícias pela rede social
Por Gilson Camargo / Publicado em 12 de dezembro de 2019

Foto: Shutterstock

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Na palestra de encerramento do 23º Congresso Ibero-americano de Direito e Informática, realizado em São Paulo no mês de outubro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Morais admitiu que o WhatsApp promoveu uma lavagem cerebral nos brasileiros em 2018 e ajudou a assegurar a vitória de Jair Bolsonaro na base das fake news. “O que antes era fofoca de quarteirão passou a ser fake news em grupo com 3 milhões de seguidores. Os instrumentos e freios e contrapesos não estavam e não estão preparados para isto. É lavagem cerebral para o consumo, eleições e ataques às instituições”, discorreu o mais jovem dos ministros do STF – indicado por Michel Temer em 2017 para a vaga deixada por Teori Zavascki, morto em acidente aéreo. Pois é justamente essa rede social – terreno fértil para a manipulação – a ferramenta mais usada pelos brasileiros para se informar.

A projeção é de uma pesquisa realizada pelo Congresso Nacional, que ouviu 2,4 mil pessoas com acesso à internet em todos os estados e no Distrito Federal. As entrevistas foram realizadas por telefone no mês de outubro. A amostra foi composta de modo a buscar reproduzir as proporções da população, como as de gênero, raça, região, renda e escolaridade. Segundo os autores, o nível de confiança é de 95%, com margem de erro de dois para mais ou para menos.

Com 136 milhões de usuários no Brasil, o WhatsApp disputa com o Facebook o status de plataforma mais popular do país e se transformou em fonte de informação para 79% dos entrevistados disseram que sempre recebem (e consomem) informação por essa rede social. Depois do Whatsapp, outras fontes foram citadas, misturando redes sociais e veículos tradicionais na lista dos locais onde os brasileiros buscam se atualizar. Apareceram canais de televisão (50%), a plataforma de vídeos Youtube (49%), o Facebook (44%), sites de notícias (38%), a rede social Instagram (30%) e emissoras de rádio (22%). O jornal impresso também foi citado por 8% dos participantes da sondagem e o Twitter, por 7%.

No caso da televisão, o percentual foi maior entre os mais velhos: 67% dos consultados com mais de 60 anos disseram se informar sempre por esse meio, contra 40% na faixa entre 16 a 29 anos. Já o Youtube apareceu como mais popular entre os mais jovens. Os que afirmaram que assistem vídeos sempre na plataforma somam 55% na faixa de 16 a 29 anos, contra 31% entre os entrevistados com 60 anos ou mais. No caso do Instagram, a diferença é ainda maior. Entre os jovens, 41% relataram buscar informações sempre nesta rede social. Já na faixa dos 60 anos ou mais, o índice cai para 9%.

A pesquisa também avaliou os hábitos dos entrevistados nas redes sociais. O tipo de ação mais comum foi a curtida de publicações, ato realizado sempre por 41% dos participantes da sondagem. Em seguida, vieram compartilhamento de posts (20%), publicação de conteúdos (19%) e comentários em mensagens de outros (15%).

Fundada em 2009 por Brian Acton e Jan Koum a WhatsApp é uma das empresas convocadas para prestar depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fake news.

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